Blog do Mauro Cezar http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. Thu, 13 Feb 2020 07:00:09 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Itaquera já é palco com mais eliminações do Corinthians na Libertadores: 4! http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/13/itaquera-ja-e-palco-com-mais-eliminacoes-do-corinthians-na-libertadores-4/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/13/itaquera-ja-e-palco-com-mais-eliminacoes-do-corinthians-na-libertadores-4/#respond Thu, 13 Feb 2020 07:00:09 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5797

Fernando Fernández fez, de falta, o gol da classificação – Foto: Divulgação/Conmebol

Eliminado da Copa Libertadores pela segunda vez diante do Guaraní do Paraguai, o Corinthians acumula fracassos no torneio neste século, embora tenha alcançado em 2012 seu único título do certame, e invicto! Com a vitória que teve saber de derrota (2 a 1, sendo despachado pelo gol fora de casa do time paraguaio), os corintianos chegaram à quarta desclassificação da competição atuando no seu estádio, em Itaquera.

Com isso, o casa alvinegra inaugurada em 2014 supera o Pacaembu, onde o time deu adeus à Libertadores três vezes, e se iguala ao Morumbi. Foram também quatro eliminações no estádio do São Paulo. Agora são 15 participações do Corinthians na competição e um título. Das 14 declassificações, 13 foram em duelos de mata-mata, 11 jogando em São Paulo, embora duas em território neutro, diante do Palmeiras.

As eliminações do Corinthians na Libertadores:
1977 – em 3º no grupo; classificou-se o Internacional*
1991 – Boca Juniors, Argentina (oitavas) — Morumbi
1996 – Grêmio (quartas) — Olímpico
1999 – Palmeiras (quartas) — Morumbi
2000 – Palmeiras (semifinal) — Morumbi
2003 – River Plate, Argentina (oitavas) — Morumbi
2006 – River Plate, Argentina (oitavas) — Pacaembu
2010 – Flamengo (oitavas) — Pacaembu
2011 – Tolima, Colômbia (Fase preliminar) — Ibagué
2013 – Boca Juniors, Argentina (oitavas) — Pacaembu
2015 – Guaraní, Paraguai (oitavas) — Itaquera
2016 – Nacional, Uruguai (oitavas) — Itaquera
2018 – Colo-Colo, Chile (oitavas) — Itaquera
2020 – Guaraní, Paraguai (2ª fase preliminar) — Itaquera
* somente o primeiro do grupo avançava

Ao desclassificar pela segunda vez o time paulista da principal competição do continente, o Guaraní se junta a Boca Juniors, Palmeiras e River Plate, os três times que eliminaram os corintianos da Libertadores duas vezes cada. Os paraguaios também se tornaram os primeiros a tirar os alvinegros da Copa mais de uma vez atuando na Arena. Em 2015, a equipe venceu ambos os duelos, 2 a 0 em Assunção e 1 a 0 em Itaquera.

Algozes do Corinthians
Boca Juniors 2 vezes
Guaraní 2
Palmeiras 2
River Plate 2
Colo-Colo 1
Flamengo 1
Grêmio 1
Nacional 1
Tolima 1

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Flu reduz diferença no coração, Fla avança e pode questionar opção de Jesus http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/12/flu-reduz-diferenca-no-coracao-fla-avanca-e-pode-questionar-opcao-de-jesus/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/12/flu-reduz-diferenca-no-coracao-fla-avanca-e-pode-questionar-opcao-de-jesus/#respond Thu, 13 Feb 2020 01:58:53 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5788

Filipe Luís, encoberto, fez pelo seu primeiro gol pelo Flamengo – Foto: Divulgação/Alexandre Vidal/CRF

Em oito minutos de partida o Flamengo já vencia por 2 a 0. Bruno Henrique e Gabigol abriram rapidamente a vantagem rubro-negra, com a dupla goleadora de 2019 chegando a cinco tentos nos três primeiros jogos por eles disputados neste ano, o camisa 9 com um por peleja.

O campeão brasileiro e da Libertadores abria vantagem maior no segundo tempo, com o belo gol de Filipe Luís. A vantagem já poderia ser aquela há mais tempo, tantas as chances criadas e desperdiçadas pelo time de Jorge Jesus, especialmente com Arrascaeta.

Mas o Fluminense, que no ano passado foi o grande carioca que mais dificultou o Flamengo nos clássicos do Rio de Janeiro, não desistiu. Era desordenado, sim, mas sobrava vontade e fé. Um tanto blasé e desgastado, sem pernas, os rubro-negros cederam e os 3 a 0 viraram 3 a 2.

Claro que a diferença técnica entre os elencos é grande, mas nos clássicos ainda existe a mística e no futebol o mais fraco sempre poderá desafiar o mais forte se deixar algo mais em campo. Os tricolores têm que ficar orgulhosos de seus jogadores, que costumam chamar de “Guerreiros”.

Os rubro-negros podem questionar até que ponto faz sentido, com tantos bons jogadores, Jesus escalar seguidas vezes os seus titulares com apenas uma semana entre a volta das férias e a primeira partida que fizeram. Já são três em nove dias. Era mesmo preciso?

 

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Estreia contra argentino em crise motiva caçula em torneios internacionais http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/11/estreia-contra-argentino-em-crise-motiva-cacula-em-torneios-internacionais/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/11/estreia-contra-argentino-em-crise-motiva-cacula-em-torneios-internacionais/#respond Tue, 11 Feb 2020 22:20:09 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5771

Wellington Paulista, do Fortaleza: clube estreia em certames internacionais – Foto: Divulgação/Bruno Oliveira/FEC

Nesta quinta-feira, às 21h30, em Avellaneda, Grande Buenos Aires, o Fortaleza fará sua primeira partida internacional por competição oficial. Será a estreia do time na Copa Sul-americana, contra o Independiente, campeão de 2017, clube que mais vezes (sete) ergueu o troféu da Libertadores da América.

O time argentino vem em crise profunda depois de perder no domingo para o maior rival, o Racing, pelo campeonato argentino, mesmo atuando por quase todo o segundo tempo com 11 homens contra nove. Após um par de expulsões, entre elas a do goleiro, “Rojo”, como é conhecido, levou o único gol do jogo aos 41 minutos do segundo tempo.

Nesse cenário, há mais motivos para otimismo do Fortaleza, afinal, estará diante de um oponente que segue em meio a queixas dos torcedores e críticas da imprensa, depois de uma derrota histórica. Os jogadores foram insultados por hinchas do próprio clube na noite de domingo e treinaram a portas fechadas em Villa Domínico na segunda-feira.

Avançar na Sul-americana é fundamental para os planos do clube cearense, que traçou seu planejamento estratégico para 2020. Em 2019, o Fortaleza atingiu 72% das metas. Para este ano, projeta faturamento de R$ 18 milhões com o programa de sócio torcedor. E os resultados internacoinais poderão ajudar a alcançar tal objetivo, é claro.

O Leão do Pici espera, no mínimo, chegar às fases finais do Campeonato Cearense e da Copa do Nordeste. No ano passado conquistou os dois títulos. Na Copa do Brasil e na Sul-Americana, a ideia é avançar pelo menos uma fase em cada. Seguir na Série A do Campeonato Brasileiro é a meta para o fechamento da temporada, em dezembro.

 

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VP de finanças, Wallim Vasconcellos entrega cargo e deixa diretoria do Fla http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/10/vp-de-financas-wallim-vasconcellos-entrega-cargo-e-deixa-diretoria-do-fla/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/10/vp-de-financas-wallim-vasconcellos-entrega-cargo-e-deixa-diretoria-do-fla/#respond Tue, 11 Feb 2020 02:58:51 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5769

Wallim Vasconcelos ocupava a vice-presidência de finanças do Flamengo – Foto: Júlio César Guimarães/ UOL

Wallim Vasconcelos entregou sua renúncia à vice-presidência de finanças do Flamengo no final da noite desta segunda-feira (10). O ex-candidato a presidente do clube era o titular da pasta desde o início do mandato de Rodolfo Landim, em janeiro de 2019.

Wallim foi vice de futebol no início do primeiro mandato de Eduardo Bandeira de Mello, em 2013, depois de uma pré-candidatura à presidência. Na eleição seguinte, os dois disputaram o cargo, quando Bandeira foi reeleito.

A saída de um dos nomes mais importantes da chapa que venceu as eleições de 2018 reflete a silencionsa insatisfação de parte dos dirigentes com a forma como o clube vem sendo gerido. O poder está centralizado.

As principais decisões no Flamego costumam ser tomadas por um trio. Ele é formado por Landim, pelo vice de relações externas, Luiz Eduardo Baptista, o BAP; e Gustavo Oliveira, vice de comunicação e marketing.

Nas questões referentes ao incêndio do Ninho do Urubu, a eles se juntam o vice geral e jurídico, Rodrigo Dunshee, e o CEO, Reinaldo Belotti. Muitos vices sequer foram ouvidos em momentos importantes nos últimos 12 meses

Além disso, como o blog informou em 2 de janeiro, existem diferentes correntes políticas entre os integrantes do conselho do futebol. A turbulência política tão característica em diversas gestões no Flamengo resiste.

 

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Morte no CT: Defensoria Pública rebate argumentos de dirigentes do Flamengo http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/10/morte-no-ct-defensoria-publica-rebate-argumentos-de-dirigentes-do-flamengo/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/10/morte-no-ct-defensoria-publica-rebate-argumentos-de-dirigentes-do-flamengo/#respond Mon, 10 Feb 2020 07:00:28 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5713

Camisas em homenagem aos garotos mortos no Memorial do Flamengo – Reprodução

O incêndio que matou dez adolescentes das divisões de base no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, completou um ano, sábado, 8 de fevereiro. Cíntia Guedes é a coordenadora cível da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro que conduziu negociações com o objetivo de firmar um acordo para indenização dos famílias.

Ela concedeu ao blog a entrevista a seguir, fechando a série de posts com a palavra de envolvidos nessa disputa na justiça. E garante: “O clube não precisa de autorização de nenhum advogado para falar com as famílias”.

Das 10 vítimas, a Defensoria representa a família de Samuel Thomas, lateral-direito. Por que ele e apenas os familiares dele?

A Defensoria Pública, no atendimento individual, presta assistência jurídica a pessoas pobres que manifestem esse desejo. No caso das famílias dos meninos mortos, a família do Samuel reside no Estado do Rio de Janeiro, se enquadra no perfil econômico para ser atendida pela Defensoria e quis ser representada por ela. Outras famílias constituíram advogado por outros motivos: a maioria reside fora do Rio e em locais em que não há Defensoria estruturada, algumas não possuem perfil econômico (pobreza) para serem atendidas pela Defensoria e outras optaram por advogados já conhecidos ou indicados pelos agentes dos atletas.

É uma, digamos, assistência jurídica gratuita para os familiares do rapaz morto no incêndio, certo?

Certo. A Defensoria não cobra nada da família e nenhum defensor receberá nenhum valor a título de honorários.

O Flamengo passou a pagar pensão mensal no valor de R$ 10 mil a cada uma das famílias dos dez jovens mortos no incêndio após pedido da Defensoria Pública (DPRJ) e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Como se chegou a esse valor? É uma pensão definitiva?

Esse valor foi calculado a partir de uma estimativa que leva em conta a média de salários pagos aos jogadores de futebol no Brasil, desde os que jogam em clubes mais simples até os que possuem os maiores salários. Não é possível afirmar quanto cada um dos meninos iria ganhar como jogador, então se usa um critério de média, em razão da perda da chance de se tornarem jogadores causada pelo clube. Essa pensão não é definitiva, mas sim provisória, válida apenas até a celebração do acordo definitivo com cada família.

O Flamengo está pagando os R$ 10 mil, mas recorreu. Em entrevista ao blog, o vice-presidente jurídico do clube alegou: “A decisão, a nosso ver contém inúmeros erros técnicos. Como me disse o presidente: não é uma questão de valor, é uma questão de princípio. A começar pela intervenção do Ministério Público, que não representa as famílias, ao invés disso, todas as famílias têm advogado e os seus direitos são individuais, assim a atuação do MP é uma atuação indevida. Além do mais, não foi pedida pensão mensal para as famílias, mas uma penhora de R$ 57 milhões. A decisão deu uma coisa que não foi pedida e isso tecnicamente é errado. O julgador não pode dar algo que não foi pedido”. O que a Defensoria tem a dizer a respeito?

Realmente no início houve o pedido de penhora nas contas do clube, mas feito em fevereiro de 2019 (logo após o incêndio), quando a situação financeira do Flamengo era muito diversa
da atual. O objetivo era garantir o pagamento. Em razão da demora no exame do pedido pelo Judiciário, o juiz entendeu que a penhora não é necessária nesse momento, em razão do
resultado financeiro positivo notório do Flamengo, e concedeu a pensão, também como medida provisória, e que era um segundo pedido.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro e o Ministério Público Estadual (MPRJ) pediram bloqueio de R$ 57,5 milhões das contas do Flamengo para garantir as indenizações às vítimas e aos familiares dos 10 jovens mortos no incêndio. Como se chegou a tais cifras e o que se passou em seguida?

Como dito, esse pedido foi feito em fevereiro de 2019, quando o Flamengo ainda não havia feito acordo com nenhuma família e não se mostrava disposto a fazer. Foi calculado levando
em conta as indenizações das 10 vítimas fatais, dos três atletas feridos e o dano moral coletivo a ser pago pelo clube.

Além do bloqueio, a Defensoria Pública e o Ministério Público solicitaram uma série de informações para averiguar a real situação legal do centro de treinamento, assim como dos
funcionários e dos adolescentes que lá estavam. Essas informações já foram fornecidas? São satisfatórias?

Parte das informações foram concedidas aos promotores que atuam na área de Infância e Juventude e permitiu o acordo para liberação do centro de treinamento. Outra parte das
informações, relativas a detalhes importante para o cálculo das indenizações, ainda não foi fornecida.

Cintia Guedes – Foto: Divulgação

Em fevereiro, pouco depois da tragédia, a Defensoria e o MP pediram a imediata interdição do Ninho do Urubu. Qual a posição de vocês hoje quanto a isso?

O clube cumpriu algumas exigências legais e houve um acordo com o Ministério Público e uma decisão judicial autorizando o funcionamento do centro de treinamento.

Defensoria, MPRJ e o Ministério Público do Trabalho informam, ainda em 19 de fevereiro, que estavam esgotadas todas as tentativas de negociação, que o Flamengo se recusou a celebrar um acordo, apresentando valores aquém do que as instituições entendiam como minimamente razoável. A recusa do acordo foi informada por telefone? Como foi isso?

Sim, depois de uma semana de reuniões e negociações presenciais, o advogado do clube informou, por telefone, que não havia mais interesse em celebrar acordo coletivo para indenização.

Hoje há mais rigor na fiscalização dos CTs, especialmente da base dos clubes de futebol?

Não tenho como responder, isso não é atribuição da Defensoria.

O Flamengo nem alvará tinha e a prefeitura apenas o multava (foram 31), jamais interditou o Ninho do Urubu. Qual a responsabilidade dela nisso tudo?

Responsabilidade administrativa por negligência e omissão.

Há quem aponte uma queda brusca de energia como causadora do curto circuito que teria provocado o incêndio. Há alguma informação sobre isso? A companhia de eletricidade é ou pode ser alvo de responsabilização de alguma maneira?

A investigação está sob responsabilidade da polícia e os dados do inquérito ainda não foram divulgados. Não podemos responder sobre isso.

Acho um tanto absurdo falar em “jurisprudência”, afinal, não se tem notícia de caso parecidos (adolescentes mortos em incêndio dentro de CT de clube). Mas na área jurídica funciona assim, casos anteriores nas quais pessoas perderem a vida em acidentes etc são utilizados como referência, certo?

Casos anteriores são usados como referência desde que tenham características comuns. Entre essas características que se deve levar em conta estão a capacidade financeira de quem causou o dano, a expectativa de vida e de sucesso profissional da vítima, o grau de culpa da empresa etc. No caso do incêndio do Flamengo, não há casos anteriores com esses parâmetros que se possa levar em conta.

Diante desse cenário, o que o Flamengo oferece é igual, maior ou menor do que valores normalmente pagos pelas empresas e instituições onde ocorreram tragédias que geraram perda de vidas?

Não há um caso semelhante ou sequer parecido que se possa usar como parâmetro. Não se pode, por exemplo, comparar o caso com o incêndio da boate Kiss, como pretende o clube.

O que a família de Samuel pede é quantas vezes mais do que aquilo que o clube oferece?

A família não fez nenhum pedido específico de indenização, estamos usando como parâmetro o valor proposto na negociação coletiva pela Defensoria e pelo MP.

O que o Flamengo fez e faz pelos familiares desde então, de ajuda financeira a apoio psicológico, deslocamento dos familiares até o Rio de Janeiro etc? Houve algo que reivindicaram e não atenderam?

O clube custeou o deslocamento das famílias de fora do RJ nos dias seguintes ao incêndio, assim como vem pagando os dez mil determinados pela justiça. Não há pagamento de apoio psicológico. O que os familiares esperavam, contudo, era consideração por parte do clube, quando é certo que ninguém da diretoria sequer os recebe para conversar.

Além do dinheiro da indenização, o que mais está sendo reivindicado pela família?

Reivindicado individualmente, nada. Mas as famílias esperavam que houvesse no mínimo alguma espécie de homenagem aos meninos, seja por um memorial no centro de treinamento, seja de alguma outra forma. Que o clube demonstre alguma consideração.

Como a Defensoria e a família acompanham a investigação que pode apontar os responsáveis (pessoas) pelo incêndio?

A investigação é sigilosa, e está sendo acompanhada pelo MP.

Qual a importância de se chegar aos responsáveis? E de serem punidos?

A punição dos responsáveis é importante tanto do ponto de vista da realização da justiça com a vida desses meninos quanto para servir de exemplo aos dirigentes e responsáveis pelos outros clubes. Ajuda a evitar que novas tragédias venham a acontecer.

Em sua opinião, por que se fala tanto no dinheiro (obviamente fundamental) das indenizações e não se comenta tanto sobre a investigação, por que não se clama por justiça?

Talvez porque haja uma sensação geral de impunidade de que ninguém será responsabilizado pelo crime.

A Defensoria não teme que o caso se arraste na justiça por anos e ao final seja determinando por ela o pagamento de um valor até menor do que o oferecido pelo clube?

A demora é um risco possível, mas que, a nosso ver, macularia demais a imagem do clube, em razão do desprezo pelas famílias dos meninos mortos pelo Flamengo. Em relação ao valor da indenização, não acreditamos que a Justiça possa determinar o pagamento de valor menor do que o oferecido pelo clube.

O que achou das explicações dos dirigentes do Flamengo na entrevista (se é que assim podemos chamar) de sábado à Fla TV?

As declarações dos dirigentes são absurdas e incoerentes, pois o clube diz que está aberto à negociação, mas ao mesmo tempo afirma que eles já estabeleceram internamente o valor máximo que eles querem pagar (sem justificar de onde tiraram esse valor). Ora, negociação pressupõe concessões recíprocas, e o que o clube está fazendo é impor o valor que eles querem pagar, e quem não aceita esse valor nada recebe. Isso de forma alguma é negociação.

No pronunciamento de sábado os dirigentes do Flamengo disseram que não podem procurar os familiares sem, antes, falar com os advogados. Dirigentes do clube a procuraram a Defensoria Púbica alguma vez pedindo autorização para conversar com os familiares de Samuel, conforta-los? Se sim, quando?

Essa declaração é absolutamente falsa, o clube não precisa de autorização de nenhum advogado para falar com as famílias, confortá-las ou oferecer qualquer ajuda. O que aconteceu é que os dirigentes jamais procuraram as famílias, e se escondem atrás desse argumento. A função dos advogados das famílias é orientar as negociações de valores com os advogados do clube, não sendo obstáculo a qualquer contato feito pelos dirigentes com os familiares. Em relação à família do Samuel, nenhum dirigente fez contato com a Defensoria buscando falar com a família. Apenas os advogados do clube, logo depois do incêndio, fizeram contato com a Defensoria, para uma oferta de indenização, que não foi aceita por eles. Nenhum dirigente procurou a família.

***

Para a série de entrevistas sobre o incêndio no Ninho do Urubu, o blog pediu, sem sucesso, entrevistas com o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que respondeu a perguntas específicas publicadas no dia 8 de fevereiro; com seu antecessor, Eduardo Bandeira de Mello, que sequer respondeu; e com o ex-vice de Patrimônio, que esteve à frente da obra do CT, Alexandre Wrobel, que respondeu: “Nesse momento ainda não. No momento oportuno conversamos”.

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Morte no CT: advogada autoriza Fla a falar com família, que quer o culpado http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/09/morte-no-ct-advogada-autoriza-fla-a-falar-com-familia-que-quer-o-culpado/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/09/morte-no-ct-advogada-autoriza-fla-a-falar-com-familia-que-quer-o-culpado/#respond Sun, 09 Feb 2020 07:00:28 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5681

Jorge Eduardo era capitão do time Sub-15 do Flamengo – Reprodução

O incêndio que matou dez adolescentes das divisões de base no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, completou um ano ontem, sábado, 8 de fevereiro. Paula Wolff representa a família de Jorge Eduardo.

Nesta semana o blog traz posts com a palavra de envolvidos na disputa judicial e a advogada concedeu a entrevista a seguir. Ela negou que dirigentes do clube a tenham procurado para falar com os pais do rapaz, deu o sinal verde para que o façam e deixou claro que a família deseja a responsabilização dos culpados. Inclusive criminalmente.

Quem você representa no caso Flamengo/Ninho do Urubu?

A família do Jorge Eduardo.

Por que algumas famílias fizeram o acordo e outras ainda não?

Não posso falar pelas famílias que fizeram acordo. A família que represento não achou a proposta do clube justa. O Jorge estava no clube desde 2016 e era capitão do time. Conquistou inúmeros títulos pelo Flamengo. Um excelente jogador, com futuro promissor, e era um filho carinhoso e muito amado por toda a família.

Acho um tanto absurdo falar em “jurisprudência”, afinal, não se tem notícia de caso parecido (adolescentes mortos em incêndio dentro de CT). Mas na área jurídica funciona assim, casos anteriores nas quais pessoas perderam a vida em acidentes etc são utilizados como referência, certo?

Não temos nada, nem de perto, parecido em nossa jurisprudência, pois aqueles adolescentes estavam sob a guarda do Flamengo, dormindo dentro de um container gradeado, num local impróprio e sem alvará de funcionamento.

Diante desse cenário, o que o Flamengo oferece é igual, maior ou menor do que valores normalmente pagos pelas empresas e instituições onde ocorreram tragédias que geram perda de vidas?

O valor que o clube ofereceu foi vergonhoso diante de todo o contexto.

O que a família pede é quantas vezes mais do que aquilo que o clube oferece?

A família não pediu nada ainda. Pediremos no processo judicial, ocasião na qual o valor devido será apurado considerando todas as peculiaridades do caso concreto.

Wolff – Foto: Divulgação

O que o Flamengo fez e faz pelos familiares desde então, de ajuda financeira a apoio psicológico, deslocamento dos familiares até o Rio de Janeiro etc? Houve algo que reivindicaram e não atenderam?

O Flamengo arcou com as despesas da vinda dos pais do Jorge Eduardo ao Rio de Janeiro logo após a tragédia. Mensalmente depositavam R$ 5 mil, quantia esta que mudou para R$ 10 mil após a decisão judicial – contra qual, destaque-se, recorreram para reduzir.

Além do dinheiro da indenização, o que mais está sendo reivindicado pela família?

A família reivindica a responsabilização dos culpados, em todos em sentidos, inclusive criminal.

Como você e a família acompanham a investigação que pode apontar os responsáveis (pessoas) pelo incêndio?

Estamos aguardando a conclusão do inquérito – que vai completar um ano – e consequentemente a denúncia dos responsáveis pelo Ministério Público.

Qual a importância de se chegar aos responsáveis? E de serem punidos?

Total importância. O Brasil não pode ser mais o país da impunidade.

Em sua opinião, por que se fala tanto no dinheiro (obviamente fundamental) das indenizações e não se comenta tanto sobre a investigação, por que não se clama por justiça?

Sinceramente não vejo dessa forma. O clamor por justiça é nítido em todas as famílias que aguardam a conclusão do inquérito para a responsabilização criminal dos culpados. O foco na questão financeira parte mais do Flamengo, que desde o começo trata a questão como um número. A preocupação deles nunca fui dirigida às famílias.

Não teme que o caso se arraste na justiça por anos e ao final seja determinando por ela o pagamento de um valor até menor do que o oferecido pelo clube?

Se não acreditarmos mais que há Justiça no Brasil é melhor irmos todos embora para outro País. A solução é o Galeão (aeroporto)! Sem justiça não há democracia. E eu ainda acredito na justiça.

Qual o percentual que a família pagará por seus honorários ao final do processo?

Não entendo o contexto dessa pergunta. Por acaso o Flamengo divulga quanto paga a seus advogados? E quanto será que pagou a estes para fazerem, em dezembro de 2019, um acordo de 13 milhões de reais com Dorival Junior? O clube sempre fez questão de demonizar a figura dos advogados das famílias como se fossemos os culpados em não ter havido acordo, e isso não é verdade. O acordo não foi feito porque o Flamengo não aceitou valores razoáveis, inclusive que foram propostos pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, e não pelos advogados. O mais triste é que parte da sociedade “compra” esse discurso vindo do clube e realmente acredita que nós somos os “entraves” à conclusão de acordos. Agora eu te pergunto: se você perdesse um filho nessas condições, não buscaria seus direitos? Melhor, retiro a pergunta. É sofrimento demais só ter que pensar em perder um filho.

É apenas uma pergunta feita a todos os advogados que entrevistamos para essa série no blog. Pode entendê-la até como uma oportunidade de rebater eventuais insinuações no sentido de que “advogados das famílias só pensam no dinheiro” etc. O que achou dessas explicações dadas pelos dirigentes no vídeo levado ao ar sábado pelas redes sociais e canal do Flamengo no YouTube?

Não entendemos o vídeo dos dirigentes do clube como sendo explicações. Eles deveriam ter se colocado à disposição  para responder perguntas de jornalistas e das famílias. Aí sim, poderíamos pensar em utilizar essa palavra. O que fizeram foi um teatro.

No pronunciamento de sábado os dirigentes do Flamengo disseram que não podem procurar os familiares sem, antes, falar com os advogados. Eles a procuraram alguma vez pedindo autorização para conversar com os familiares, conforta-los?

Eles não precisam de autorização para ligar para a família do Jorge. Eles têm os telefones dos pais, não ligaram porque não quiseram. De qualquer forma, por mais desnecessário que seja, fica expressamente autorizado o contato.

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Próximo entrevistado da série: Cíntia Guedes, coordenadora cível da Defensoria Pública do
Estado do Rio de Janeiro.

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Presidente do Fla questiona famílias no CT: “Por que foram lá sem marcar?” http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/08/presidente-do-fla-questiona-familias-no-ct-por-que-foram-la-sem-marcar/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/08/presidente-do-fla-questiona-familias-no-ct-por-que-foram-la-sem-marcar/#respond Sun, 09 Feb 2020 00:57:39 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5725 Teve péssima repercussão para os dirigentes do Flamengo a CPI do Ninho do Urubu, sexta-feira, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Situação agravada com parentes dos garotos que morreram no incêndio sendo barrados no CT do clube. sábado, quando a tragédia completou um ano.

Horas depois, o presidente Rodolfo Landim deu uma declaração ao youtuber Paparazzo Rubro-Negro (abaixo), o que motivou o blog a lhe enviar quatro perguntas. Leia, abaixo, com as respostas e nossos novos questionamentos, ainda sem retorno. Recebendo novas respostas, atualizaremos o post.

Qual o problema de jogadores e familiares dos garotos ocuparem diferentes áreas do CT simultaneamente? ‬Diego, capitão do time, inclusive esteve com os pais de um deles.
O que já foi explicado ontem pelo CEO do clube, teríamos treino pela manhã. Mesmo no dia do jogo temos atividades de trabalho por lá. Para dar liberdade de movimentação no CT, a ideia era não restringir a visita deles a nenhuma área específica. Essa é a razão pela qual foi franqueada a entrada a partir de 16 horas, quando os jogadores já teriam saído para o jogo. Como a família do Pablo queria apenas visitar o local onde estavam os alojamentos e era um grupo pequeno, não vimos problemas de visitar o CT no horário pedido.
O senhor acha que depois de perderem os filhos naquele local, sob a responsabilidade do clube, a rigidez rotineira do CT não poderia ser flexibilizada para que os pais tivessem acesso facilitado? Por que até hoje o Flamengo não fez um memorial no local?

A diretoria convidou os pais dos garotos para essa missa?‬
A missa foi amplamente divulgada e celebrada em memória dos 10 rapazes. Não sei se você é católico, mas a celebração de uma missa em uma igreja é sempre aberta a todos os fiéis que desejarem ir. É a casa de Deus, não do Flamengo.
O Flamengo tinha até fotógrafa registrando as presenças de seus dirigentes na missa. Partindo de tal preocupação da comunicação do clube, custava o Flamengo convidar os pais dos meninos, mandar passagens aos que moram fora do Rio de Janeiro e reunir a todos na missa pelos garotos?

Por que o CEO, por exemplo, não deu plantão sábado no CT para resolver esse tipo de situação?‬
O CEO do clube não fica no CT aos sábados e estava na igreja comigo. Para todos, apenas a família do Pablo havia demonstrado o interesse de ir ao CT. Ninguém mais era esperado por lá. Mas eu devolvo uma pergunta, por que foram lá sem marcar sabendo que existem regras rígidas de visitação no CT?
Minha pergunta foi “Por que o CEO, por exemplo, não deu plantão sábado no CT para resolver esse tipo de situação, com parentes não “inscritos” para entrar no Centro de Treinamentos aparecendo por lá?” Poderia ser ele, mas já que não trabalha lá aos sábados, qualquer outro funcionário ou dirigente com autonomia para lidar com situações excepcionais, caso dos familiares que resolverem lá comparecer, provavelmente por terem tomado conhecimento pela imprensa que os pais do Pablo lá compareceriam. O senhor não acha desagradável, indelicado e constrangedor ver essas pessoas que sofrem a perda dos meninos há um ano sendo barradas pelos porteiros, por sua vez sem poderes para decidir algo diferente naquele momento?

Reprodução: Twitter

A família do Pablo tinha “se inscrito”?! Não seria razoável abrir as portas do CT para todos os pais que, “inscritos” ou não, perderam seus filhos em incêndio naquele local, depois de os deixarem sob a responsabilidade do Flamengo?
Como já explicado, as portas estavam abertas a todos os familiares, desde que devidamente identificados, após às 16 horas. Excepcionalmente, atendemos a demanda da família do Pablo pelos motivos já relatados.
Qual o problema que os pais dos garotos poderiam causar comparecendo a uma área restrita do CT enquanto os atletas ocupavam outra? Não seria até um boa chance para que, desde que quisessem, alguns jogadores fossem até eles lhes dar um abraço de solidariedade?

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Morte no CT: Advogada critica Fla, sem acordo mesmo faturando quase R$1 bi http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/08/morte-no-ct-advogada-critica-fla-sem-acordo-mesmo-faturando-quase-r1-bi/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/08/morte-no-ct-advogada-critica-fla-sem-acordo-mesmo-faturando-quase-r1-bi/#respond Sat, 08 Feb 2020 07:00:19 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5560

Pablo Henrique tinha 14 anos e era zagueiro na base do Flamengo- Reprodução

O trágico incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, matou dez adolescentes das divisões de base. A tragédia completa um ano hoje, sábado, 8 de fevereiro.

Mariju Maciel é advogada e representa a família do volante Pablo Henrique. Ela concedeu a entrevista a seguir ao blog, que nesta semana traz posts com a palavra de personagens envolvidos nessa disputa na justiça.

Quem você representa no caso Flamengo/Ninho do Urubu?

A família de Pablo Henrique.

Por que algumas famílias fizeram o acordo e outras ainda não?

Conversando com alguns colegas, me foi dito que algumas famílias não aguentavam mais discutir esse assunto, que estavam no auge de uma depressão e que mesmo entendendo como injusto o valor, precisavam “virar a página”. Talvez isso justifique.

Acho um tanto absurdo falar em “jurisprudência”, afinal, não se tem notícia de caso parecido (adolescentes mortos em incêndio dentro de CT). Mas na área jurídica funciona assim, casos anteriores nos quais pessoas perderam a vida em acidentes etc são utilizados como referência, certo?

Não acredito que há precedente na Justiça, não conheço nenhum caso onde a parte culpada foi avisada 31 vezes sobre as suas irregularidades e manteve adolescentes correndo risco. Não conheço nenhum caso na jurisprudência brasileira onde o réu teve como renda em um ano quase R$ 1 bilhão, não conheço precedente na justiça brasileira onde a empresa tenha funcionários com salários acima de R$ 1 milhão, não conheço nenhum caso na justiça brasileira onde adolescentes foram colocados a dormir dentro de containers de alta combustão.

Diante desse cenário, o que o Flamengo oferece é igual, maior ou menor do que valores normalmente pagos pelas empresas e instituições onde ocorreram tragédias que geram perda de vidas?

Comparativamente é insignificante.

A advogada Mariju Maciel – Foto: Divulgação

O que a família pede é quantas vezes mais do que aquilo que o clube oferece?

A família pede o que entende justo e o valor é ínfimo para uma empresa como o Flamengo.

O que o Flamengo fez e faz pelos familiares desde então, de ajuda financeira a apoio psicológico, deslocamento dos familiares até o Rio de Janeiro etc? Houve algo que reivindicaram e não atenderam?

A família que represento jamais teve contato com ninguém do Flamengo, nem para receber o caixão do seu filho. Com o valor que recebem mensalmente estão pagando os remédios para depressão, remédios para dormir, médicos, psiquiatras. Tudo é muito triste.

Além do dinheiro da indenização, o que mais está sendo reivindicado pela família?

Carinho, atenção.

Como você e a família acompanham a investigação que pode apontar os responsáveis (pessoas) pelo incêndio?

Com apreensão. Um ano já passou e sequer o inquérito acabou.

Qual a importância de se chegar aos responsáveis? E de serem punidos?

Total.

Em sua opinião, por que se fala tanto no dinheiro (obviamente fundamental) das indenizações e não se comenta tanto sobre a investigação. Por que não se clama por justiça?

Desculpe, mas o que mais clamamos é por justiça.

Me refiro à sociedade, às manifestações de pessoas em geral, que se referem muito mais ao dinheiro das indenizações do que em identificação e responsabilização dos eventuais culpados. Não teme que o caso se arraste na justiça por anos e ao final seja determinado por ela o pagamento de um valor até menor do que o oferecido pelo clube?

Não acreditamos nisso.

Qual o percentual que a família pagará por seus honorários ao final do processo?

Talvez essa pergunta tenha como objetivo a triste ideia de que nós advogados somos quem quer receber valores com uma tragédia, o que é lamentável e triste. Minha relação com meu cliente é privada e não está em discussão. O que se tenta é desviar o foco, o que é mais uma vez lastimável.

É apenas uma pergunta feita a todos os advogados que entrevistamos para essa série no blog. Pode entendê-la até como uma oportunidade de rebater insinuações nesse sentido.

Não entendo qual o interesse em uma relação privada! Não preciso rebater insinuações. Estou ao lado da família que represento com árduo trabalho há um ano e a minha relação com ela, é com ela. Qual é o salário do advogado do Flamengo?

O que achou das explicações dadas pelos dirigentes no vídeo levado ao ar sábado pelas redes sociais e canal do Flamengo no YouTube?

Achei lastimável que os dirigentes do Flamengo não tenham tido a coragem de enfrentar jornalistas ao vivo fazendo perguntas não selecionadas.

No pronunciamento de sábado os dirigentes do Flamengo disseram que não podem procurar os familiares sem, antes, falar com os advogados. Dirigentes do clube a procuraram alguma vez pedindo autorização para conversar com os familiares, conforta-los?

Jamais impedi qualquer contato com a família! A contradição do Flamengo é enorme, pois enquanto ele pede que as famílias negociem diretamente com eles sem a presença de advogados, ao lado do Presidente está o seu advogado e a todo tempo ele fala em decisão do “corpo jurídico”, ou seja, as famílias não devem ter advogados mas eles sim?

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Advogada pedirá indiciamento de presidentes do Flamengo e CBF

Próximo entrevistado da série: Paula Wolf, advogada que representa a família de Jorge Eduardo.

 

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Morte no CT: Advogada pedirá indiciamento de presidentes do Flamengo e CBF http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/07/morte-no-ct-advogada-pedira-indiciamento-de-presidentes-do-flamengo-e-cbf/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/07/morte-no-ct-advogada-pedira-indiciamento-de-presidentes-do-flamengo-e-cbf/#respond Fri, 07 Feb 2020 07:00:31 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5489

Rykelmo: o pai fez acordo, mas a mãe do rapaz que atuava como volante não. Ela entrou na justiça

O incêndio no Centro de Treinamentos do Flamengo, o Ninho do Urubu, matou dez adolescentes das divisões de base. A tragédia vai completar um ano neste sábado, 8 de fevereiro. A advogada Gislaine Nunes representa a mãe do volante Rykelmo, e concedeu a entrevista a seguir ao blog, que nesta semana publica posts com a palavra de personagens envolvidos.

Leia mais: Familiares e feridos tentam seguir a vida um ano após incêndio no Ninho do Urubu

Quem você representa no caso Flamengo/Ninho do Urubu?

Represento a mãe do atleta Rykelmo, a senhora Rosana.

Por que algumas famílias fizeram o acordo e outras ainda não?

Não sei te responder a pergunta, nós não fizemos o acordo pela mediocridade do valor proposto pelo Flamengo.

Acho um tanto absurdo falar em “jurisprudência”, afinal, não se tem notícia de caso parecidos (adolescentes mortos em incêndio dentro de CT de clube). Mas na área jurídica funciona assim, casos anteriores nos quais pessoas perderam a vida em acidentes etc são utilizados como referência, certo?

Fui a única advogada a ingressar com ação, e não utilizei jurisprudências, até mesmo pela ausência de casos parecidos. Utilizamos jurisprudências para requerer e fundamentar outros pedidos dentro do processo.

Diante desse cenário, o que o Flamengo oferece é igual, maior ou menor do que valores normalmente pagos pelas empresas e instituições onde ocorreram tragédias que geraram perda de vidas?

Não tenho este parâmetro.

O que a mãe de Rykelmo pede é quantas vezes mais do que aquilo que o clube oferece?

Substancialmente maior, visto que, o valor ofertado por eles foi muito baixo.

O que o Flamengo fez e faz pelos familiares desde então, de ajuda financeira a apoio psicológico, deslocamento dos familiares até o Rio de Janeiro etc.? Houve algo que reivindicaram e não atenderam?

Flamengo não fez absolutamente nada para a família que represento.

Além do dinheiro da indenização, o que mais está sendo reivindicado?

Apenas o valor monetário.

A advogada Gislaine Nunes – Foto: Divulgação

Como você e a família acompanham a investigação que pode apontar os responsáveis (pessoas) pelo incêndio?

Temos no escritório notícias do desdobramento, até porque é desnecessário hoje este acompanhamento, visto que, já fundamentamos nosso processo.

Qual a importância de se chegar aos responsáveis? E de serem punidos?

Acredito que os responsáveis já temos, incorreram os mandatários do clube no trágico resultado quando permitiram que, se alojassem os menores naqueles containers, frise-se em um local que não havia licença para uso exceto para estacionamento. Minha esperança é que o juiz acate o pedido de indiciamento formulado em nosso processo em relação ao então presidente do clube e do mandatário do CBF.

“Ao então presidente do clube”, refere-se ao atual, Rodolfo Landim, ou seu antecessor, Eduardo Bandeira de Mello?

Landim. Independente do mandato de quem seja, o clube responde pelos atos de seus prepostos de forma objetiva.

O fato de o CT ter sido construído e inaugurado no mandato de outro presidente pesa? De que forma?

Quanto à delimitação do mandato, para efeitos de responsabilidade civil, na esfera criminal, cada presidente, no mandato que lhe incumbe, responderá por seus atos, até o limite destes.
Na exordial (petição inicial), não há nome de quem, mas pedido de indiciamento do presidente do clube e da CBF. Então, quando optamos por não colocar o nome especifico do presidente A ou B, estávamos pautados, como estamos, na teoria da responsabilidade civil objetiva, que, segundo ela, independe da comprovação de dolo ou culpa e que pouco importa quem estava no mandato. Este último terá efeitos na esfera criminal quando se aceita a denuncia e o indiciamento à pessoa responde na medida dos seus atos por tudo aquilo que se praticou. Então a gente divide estas esferas, porque quando eu falo presidente é obvio que é quem estava no mandato, e aí na esfera criminal caberá à policia fazer o indiciamento. Não nos cabe delimitações de atos.

Bandeira de Melo já foi indiciado pela polícia, certo?

Sim.

E quanto à CBF?

O que estou pedindo é que a entidade responda solidariamente, o presidente que está lá.

Em sua opinião, por que se fala tanto no dinheiro (obviamente fundamental) das indenizações e não se comenta tanto sobre a investigação, por que não se clama por justiça?

Acredito que as famílias esperam por ambos os resultados, mas te pergunto: além de contratar advogados e requererem o acima respondido na questão, o que mais poderiam fazer estas famílias destruídas?

Em entrevistas e aparições públicas, mais pessoas poderiam clamar por justiça, reivindicar que o processo seja concluído, não?

Essas aparições ajudam. Certa vez um juiz me disse: ‘Doutora, deixe que os clubes falem o quiser em entrevistas, não se ofenda, saiba que juiz lê jornal e assiste a noticiários, e isso ajuda a formar nossa convicção”. A despeito disso, os processos são morosos pela própria estrutura do poder judiciário e grande demanda.

Não teme que o caso se arraste na justiça por anos e ao final seja determinando por ela o pagamento de um valor até menor do que o oferecido pelo clube?

Corremos este risco, mas somos otimistas.

Qual o percentual que a família pagará por seus honorários ao final do processo?

O determinado na tabela da Ordem dos Advogados o Brasil.

Dona Rosana, em entrevista ao canal Band Sports, disse que o Flamengo não está pagando mensalmente a ela, que recebeu dois meses e depois não mais. Em seguida, o recibo anexado a essa mensagem surgiu em redes sociais. Afinal, o Flamengo a está pagando? Quanto? Qual a situação?

Segundo a Rosana eles estão pagando R$ 5 mil por mês, o valor determinado é de R$ 10 mil, mas como erroneamente, no nosso ponto de vista, fizeram acordo com o pai do Rykelmo, depositam a ele metade do valor, afinal acreditam ter cessado a responsabilidade em relação à metade da obrigação indenizatória.

O clube fez esse acordo com o pai de Rykelmo. Como vê essa situação?

Lamentável o Flamengo ver esta situação como uma herança e não como indenização. Estamos chamando o pai do menor na lide (ação), para que faça a devolução dos valores recebidos no acordo, e declare nulo o mesmo. Quem tinha a guarda do menor era a Rosana, e não o pai, que segundo ela nunca procurou saber da vida deles, bem como nunca colaborou financeiramente. Óbvio que este acordo realizado com o pai do menor por sua própria natureza não tem efeito para elidir nosso pedido.

O que achou dessas explicações dadas pelos dirigentes no vídeo levado ao ar sábado pelas redes sociais e canal do Flamengo no YouTube? Disseram que não podem procurar os familiares sem, antes, falar com os advogados. Dirigentes do clube a procuraram alguma vez pedindo autorização para conversar com os familiares, conforta-los?

Nunca procuraram exceto nas audiências de tentativa de conciliação que ocorreram logo após o incêndio. Lamentável assistir a entrevista. Se diz: “Hoje têm o alvará”. Estamos esperando um efetivo reparo do dano, que o Flamengo concorreu ao resultado. Era previsível a tragédia. Risível a entrevista, para dizer pouco. Falam, falam e nada falam. Demitiram os sobreviventes. Estão procurando famílias? Onde? Tem nomes das famílias? Claro que não. Foram judicialmente compelidos a efetuar os depósitos, porque até então não havia uma ação voluntária em relação a isso.
O que estão fazendo não interessa ao caso, a não ser para ratificar que antes nada existia, apenas um container com espuma altamente inflamável. Estão com receio das matérias que serão exibidas no aniversário da tragédia, por isso a entrevista que nada ajuda. A imprensa é a grande coadjuvante das famílias em busca de justiça. Por que não se manifestaram antes? Fazer homenagem com capela? Meu Deus, inacreditável! Aprendi mais uma termologia: meia-família. Absurdo, risível, inacreditável, repugnante. Nunca procurei o Flamengo. Vez ou outra converso com meu grande amigo Kleber Leite (ex-presidente do Flamengo), e ele não é da diretoria. Mas na audiência de conciliação não havia conciliação e sim imposição de valores e quem não aceitava: “Até logo, passar bem”. Premissa falsa? Nunca procuraram a mãe do Rykelmo, exceto na ocasião das conciliações. Essa entrevista preparada e veiculada pela própria TV da entidade, para mim, não tem valor nenhum.

***

O blog procurou o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, que não respondeu às mensagens enviadas. Procurado, o Flamengo também não se manifestou até a publicação deste post. Já a CBF respondeu: “Embora não seja parte, a CBF tem colaborado com as autoridades fornecendo as informações solicitadas. O Certificado de Clube Formador é um documento privado, de natureza estritamente desportiva, que atesta as qualidades técnicas e esportivas das práticas empregadas pelos clubes na formação de atletas e intitula seu detentor a pleitear a indenização por formação estabelecida na legislação e normas nacionais. Entretanto, a CBF não confere à entidade beneficiária o direito de utilização ou funcionamento de seus centros esportivos e locais de treinamento/alojamento, cuja autorização é de competência exclusiva do poder público“.

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Morte no CT: Advogado de herói reclama da frieza do Flamengo http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/06/incendio-no-ct-advogado-de-heroi-reclama-da-frieza-do-flamengo/ http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/2020/02/06/incendio-no-ct-advogado-de-heroi-reclama-da-frieza-do-flamengo/#respond Thu, 06 Feb 2020 07:00:58 +0000 http://blogdomaurocezar.blogosfera.uol.com.br/?p=5483

O goleiro Christian Esmério, morto no incêndio, e Jean Salles (no destaque), que salvou três colegas e sobreviveu

Em 8 de fevereiro, o incêndio no Centro de Treinamentos Ninho do Urubu que matou dez adolescentes das divisões de base do futebol do Flamengo completará um ano. O advogado Arley Campos representa as famílias do goleiro Christian Esmério e do sobrevivente Jean Salles, que salvou três pessoas e se tornou um herói em meio à tragédia.

O advogado concedeu a entrevista a seguir ao blog, que nesta semana traz posts com a palavra de personagens que participam do imbróglio na justiça.

Quem você representa no caso Flamengo/Ninho do Urubu?

Christian Esmério e Jean Salles.

Por que algumas famílias fizeram o acordo e outras ainda não?

Principalmente por estarem exaustas da pressão psicológica e mais ainda pela necessidade. As famílias sobreviviam com a ajuda financeira que os jogadores passavam a elas.

Acho um tanto absurdo falar em “jurisprudência”, afinal, não se tem notícia de caso parecidos (adolescentes mortos em incêndio dentro de CT de clube). Mas na área jurídica funciona assim, casos anteriores nos quais pessoas perderam a vida em acidentes etc são utilizados como referência, certo?

No referido caso seriam usados alguns parâmetros, pois como disse, não há jurisprudência, mas o que tem que se levar em conta é o fato de que as mortes dos jogadores se deu pela negligência do clube, pois os mesmos estavam sob a guarda dele.

Diante desse cenário, o que o Flamengo oferece é igual, maior ou menor do que valores normalmente pagos pelas empresas e instituições onde ocorreram tragédias que geraram perda de vidas?

Os valores hoje oferecidos pelo clube são ao meu ver, ridículos, pois na verdade os valores apresentados até hoje foram: primeiro R$ 300 mil por família, e seria dividido entre os genitores; depois ofereceram R$ 700 mil com um salário mínimo mensal por dez anos. Entretanto, os acordos feitos foram acima das propostas passadas e abaixo do que havia sido sugerido pelo MP (Ministério Público).

Como se chegou ao montante que a família pede?

Fizemos uma projeção em cima de um valor que se aproxima ao salário do goleiro Thiago, que o Flamengo emprestou ao América; e o cálculo aproximado desse valor pelo período de anos de carreira que ele teria. Exemplo: o valor multiplicado pelos anos de carreira, que colocamos até os 35 anos. E cabe lembrar que o Christian era goleiro das seleções Sub 15 e Sub 17

O que o Flamengo fez e faz pelos familiares desde então, de ajuda financeira a apoio psicológico, deslocamento dos familiares até o Rio de Janeiro etc? Houve algo que reivindicaram e não atenderam?

Olha, o que se fala é uma grande balela, pois o clube arcou com as despesas de traslado e estadia apenas no momento do fato ocorrido, apoio psicológico só nos dias, fora isso não há nada, apenas uma frieza por parte do clube com as famílias. Passaram dias das mães, dos pais, final de ano e nenhum tipo apoio foi dado. Acompanhamento zero por parte do clube.

Além do dinheiro da indenização, o que mais está sendo reivindicado?

O que está se discutindo e apenas os valores indenizáveis e o pensionamento.

Como você e a família acompanham a investigação que pode apontar os responsáveis (pessoas) pelo incêndio?

Antes acreditavam mais, agora após quase um ano já soa estranho, pois é muito tempo para uma conclusão de um inquérito.

Qual a importância de se chegar aos responsáveis? E de serem punidos?

Principalmente para passarmos a ter responsabilidades, visto que tratam-se de seres humanos, e os clubes que nos casos vão atrás desses jovens têm que ter mais compromissos para com eles, pois os meninos largam as suas famílias, em busca de uma profissão, onde os clubes faturam muita grana e o mínimo que eles têm a oferecer é o cuidado desses jovens, terem uma vida digna com segurança e não como é feito hoje pelo país.

Em sua opinião, por que se fala tanto no dinheiro (obviamente fundamental) das indenizações e não se comenta tanto sobre a investigação, por que não se clama por justiça?

Da parte das famílias fala-se muito sobre isso, e da nossa parte (advogados) principalmente, já que o inquérito é uma peça importante para instrução do processo, e como dito já passou a soar estranho tanta demora na conclusão do mesmo.

Arley Campos – Foto: Divulgação

Não teme que o caso se arraste na justiça por anos e ao final seja determinando por ela o pagamento de um valor até menor do que o oferecido pelo clube?

A questão não é somente essa, até por que a forma como o clube trata o assunto é uma coisa horrível, principalmente pela frieza e falta de carinho para com a família, e acreditamos que ainda temos uma justiça compromissada no Brasil.

Qual o percentual que a família pagará por seus honorários ao final do processo?

Prefiro não responder para não criar polêmica ainda maior.

O que achou dessas explicações dadas pelos dirigentes no vídeo levado ao ar sábado pelas redes sociais e canal do Flamengo no YouTube?

Desculpa a franqueza, mas são patéticos. Querendo justificar uma negligência e querendo colocar a culpa pelo não acordo por conta dos advogados. Isso é ridículo, e eu não esperava outra atitude desses dirigentes. A família do falecido, a qual represento o pai, no momento da tragédia e no dia que, não sei porque, a defensoria havia convocado os familiares até o prédio da DP. O mesmo estava acompanhado por mim e por meu sócio, e como não houve nenhuma reunião no dia, disseram que o Flamengo tinha pedido para que todos fossem para o hotel. Chegando lá o dirigente do Flamengo que lá se encontrava sequer foi cumprimenta-lo, cumprimentar no intuito de afago mesmo, e tenho absoluta certeza que só veio falar comigo por eu estar vestido de terno.
Após isso, há mais ou menos cinco meses, fizeram um contato conosco, onde passamos uma proposta e sequer tiveram a hombridade de nos responder. Falar que prestam auxílio aos familiares, balela. Contato e apoio zero. Fiz um acordo de um sobrevivente, se eu te mostro o teor do acordo você ficará enojado. Triste ver dirigentes iguais aos que lá estão fazendo algo do tipo e sujando o nome da instituição. Agora, um esclarecimento feito pela Fla TV. Qual a credibilidade que o mesmo passa, senão o de tentar querer passar para a mídia respostas prontas, isso é fato! Não teve nenhuma homenagem, construíram um estacionamento. Nem com uma sala de ginástica foram capaz de homenagear os meninos.

No pronunciamento de sábado os dirigentes do Flamengo disseram que não podem procurar os familiares sem, antes, falar com os advogados. Dirigentes do clube o procuraram alguma vez pedindo autorização para conversar com os familiares, conforta-los?

Houve um episódio no qual foi feita uma moção na assembleia legislativa aqui do Rio de Janeiro e o Rodrigo Dunshee (vice-presidente geral e jurídico) tinha ido representando o Flamengo e eu havia sido convidado para representar todas as famílias. Era uma solenidade voltada às famílias e os garotos do Ninho, e o senhor Rodrigo, com uma frieza tão grande, sequer me cumprimentou como representante das famílias e naquela oportunidade tive a chance de poder falar para ele algumas verdades. Eles nunca se reportaram a nada para os familiares e aí ficam jogando para a torcida dizendo que estão dando apoio psicológico, disso ou daquilo. É mentira. Estão se atendo a depositar os valores de R$ 5 mil e agora os R$ 10 mil determinados pela justiça.

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Flamengo não concorda em pagar quantias exageradas”, diz vice jurídico do clube

MP espera ter, neste mês, inquérito que pode apontar culpados

Advogado diz que pai sente falta de carinho do Flamengo

Próxima entrevistada da série: Gislaine Nunes, advogada que representa a mãe do volante Rykelmo.

 

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