Presidente do Fla questiona famílias no CT: "Por que foram lá sem marcar?"
Mauro Cezar Pereira
08/02/2020 21h57
Teve péssima repercussão para os dirigentes do Flamengo a CPI do Ninho do Urubu, sexta-feira, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Situação agravada com parentes dos garotos que morreram no incêndio sendo barrados no CT do clube. sábado, quando a tragédia completou um ano.
Horas depois, o presidente Rodolfo Landim deu uma declaração ao youtuber Paparazzo Rubro-Negro (abaixo), o que motivou o blog a lhe enviar quatro perguntas. Leia, abaixo, com as respostas e nossos novos questionamentos, ainda sem retorno. Recebendo novas respostas, atualizaremos o post.
Qual o problema de jogadores e familiares dos garotos ocuparem diferentes áreas do CT simultaneamente? Diego, capitão do time, inclusive esteve com os pais de um deles.
O que já foi explicado ontem pelo CEO do clube, teríamos treino pela manhã. Mesmo no dia do jogo temos atividades de trabalho por lá. Para dar liberdade de movimentação no CT, a ideia era não restringir a visita deles a nenhuma área específica. Essa é a razão pela qual foi franqueada a entrada a partir de 16 horas, quando os jogadores já teriam saído para o jogo. Como a família do Pablo queria apenas visitar o local onde estavam os alojamentos e era um grupo pequeno, não vimos problemas de visitar o CT no horário pedido.
O senhor acha que depois de perderem os filhos naquele local, sob a responsabilidade do clube, a rigidez rotineira do CT não poderia ser flexibilizada para que os pais tivessem acesso facilitado? Por que até hoje o Flamengo não fez um memorial no local?
A diretoria convidou os pais dos garotos para essa missa?
A missa foi amplamente divulgada e celebrada em memória dos 10 rapazes. Não sei se você é católico, mas a celebração de uma missa em uma igreja é sempre aberta a todos os fiéis que desejarem ir. É a casa de Deus, não do Flamengo.
O Flamengo tinha até fotógrafa registrando as presenças de seus dirigentes na missa. Partindo de tal preocupação da comunicação do clube, custava o Flamengo convidar os pais dos meninos, mandar passagens aos que moram fora do Rio de Janeiro e reunir a todos na missa pelos garotos?
Por que o CEO, por exemplo, não deu plantão sábado no CT para resolver esse tipo de situação?
O CEO do clube não fica no CT aos sábados e estava na igreja comigo. Para todos, apenas a família do Pablo havia demonstrado o interesse de ir ao CT. Ninguém mais era esperado por lá. Mas eu devolvo uma pergunta, por que foram lá sem marcar sabendo que existem regras rígidas de visitação no CT?
Minha pergunta foi "Por que o CEO, por exemplo, não deu plantão sábado no CT para resolver esse tipo de situação, com parentes não "inscritos" para entrar no Centro de Treinamentos aparecendo por lá?" Poderia ser ele, mas já que não trabalha lá aos sábados, qualquer outro funcionário ou dirigente com autonomia para lidar com situações excepcionais, caso dos familiares que resolverem lá comparecer, provavelmente por terem tomado conhecimento pela imprensa que os pais do Pablo lá compareceriam. O senhor não acha desagradável, indelicado e constrangedor ver essas pessoas que sofrem a perda dos meninos há um ano sendo barradas pelos porteiros, por sua vez sem poderes para decidir algo diferente naquele momento?
Reprodução: Twitter
A família do Pablo tinha "se inscrito"?! Não seria razoável abrir as portas do CT para todos os pais que, "inscritos" ou não, perderam seus filhos em incêndio naquele local, depois de os deixarem sob a responsabilidade do Flamengo?
Como já explicado, as portas estavam abertas a todos os familiares, desde que devidamente identificados, após às 16 horas. Excepcionalmente, atendemos a demanda da família do Pablo pelos motivos já relatados.
Qual o problema que os pais dos garotos poderiam causar comparecendo a uma área restrita do CT enquanto os atletas ocupavam outra? Não seria até um boa chance para que, desde que quisessem, alguns jogadores fossem até eles lhes dar um abraço de solidariedade?
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Sobre o autor
Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
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Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.