Flamengo joga mal, mas vence um Botafogo que se apequena com Valentim
Mauro Cezar Pereira
08/11/2019 01h57
O técnico do Botafogo, Alberto Valentim, se coloca entre a bola e Pablo Marí – Reprodução TV
Eram 29 minutos do segundo tempo quando a bola saiu pela lateral e o zagueiro Pablo Marí correu para recolocá-la em jogo. Ao passar próxima da área técnica do Botafogo, o treinador alvinegro, Alberto Valentim, a empurrou entre as próprias pernas e depois se colocou entre ela e o atleta do Flamengo, com o claro intuito de retardar o reinício da peleja. Essa era a proposta do comandante botafoguense, que saiu do Avaí na zona do rebaixamento e nesta rodada voltou a ela com a equipe carioca.
Depois da partida, Jorge Jesus criticou a forma como os botafoguenses atuaram. Deve ter estranhado a mudança no time, capaz de jogar e dificultar o Flamengo no primeiro turno, sob o comando de Eduardo Barroca. Com Valentim foi um Botafogo muito empenhado, às vezes violento e pouco inteligente. Acumulava cartões amarelos desde o pontapé inicial, o que resultou na expulsão de Luiz Fernando antes dos 10 minutos do segundo tempo. O jeito de jogar da equipe mudou, para a pior, é só piora.
Valentim e Marí discutem depois que o técnico se envolveu entre o zagueiro e a bola – Reprodução TV
Antes de Valentim voltar ao Botafogo o time era 13º e somava 30 pontos, eram cinco acima da zona de rebaixamento. Seis jogos depois, são 33 e a equipe entre as quatro últimas. Dos 18 pontos que disputou, ganhou três, 16,6% de aproveitamento. Na derrota para o Flamengo foram registrados a pior posse de bola (33%) e o menor número de passes trocados (115) dos alvinegros em todo o campeonato. Pesou o cartão vermelho, mas mesmo no primeiro tempo, com 11 contra 11, foram 36% e somente 81 passes certos.
Ao final o técnico botafoguense elogiou o empenho dos atletas. Poderia rasgar elogios aos torcedores, que apoiaram, e muito. Mas isso não basta. Se com o Barroca, mesmo com um time limitado, era um Botafogo que tentava jogar (e jogava), vencia, pontuava, mas que entrou em fase negativa, agora trata-se de uma equipe apenas… aguerrida. O esforço ganha mais elogios quando um time não tem muito mais a oferecer e, pelo jeito, com o atua treinador essa é a (triste) realidade alvinegra. O Botafogo se apequena com Valentim!
O Flamengo não jogou bem. Tivesse feito boa partida, venceria mais facilmente, dada a enorme diferença entre os rivais. Sim, rivais históricos, mas que se afastam ainda mais quando botafoguenses se contentam com esforço, faltas, luta. Falta futebol. E esse mesmo time, com outro treinador, já jogou bola. Com Barroca eram 39% de aproveitamento, apesar das quatro derrotas seguidas que o derrubaram. Índice, hoje, superior ao do Ceará, 13º colocado e três pontos acima da zona da degola. Um drama!
Sobre o autor
Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Sobre o blog
Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.