Longe, Brasil, preguiçoso, joga mal, não vence. E isso vai na conta de Tite
Mauro Cezar Pereira
13/10/2019 12h33
Daniel Alves contra a Nigéria: lateral fez dois jogos inteiros – Foto: Divulgação/Lucas Figueiredo/CBF
Tite chegou à seleção brasileira em 2016. Estava em alta, e como! O então presidente da CBF até lhe aplicou um beijo na face enquanto o presenteava com uma camisa da seleção brasileira levando o nome da mãe do técnico, Dona Ivone Bacchi. O que colocasse como condição dificilmente seria recusado pelos cebeefianos, com a corda no pescoço enquanto, nas eliminatórias, Dunga sequer conseguia colocar o time canarinho na zona de classificação para a Copa do Mundo de 2018.
O treinador do Corinthians era necessário, a solução. E foi. Conduziu o Brasil ao Mundial com sobras, mas não correspondeu em gramados russos, perdendo prestígio, mas não o emprego. Nessa segunda chance, Tite vem mal, sua equipe não rende e a postura de vários jogadores é protocolar. Os atletas não são desafiados esportivamente, nitidamente cumprem uma obrigação e a motivação especial se restringe aos que buscam aproveitar as primeiras chances entre os convocados.
Embora não tenha mais a força de três anos atrás, o técnico mantém o prestígio, o mercado. Poderia, e deveria, ser a voz contra a realização de amistosos em locais sem sentido, como as pelejas em Cingapura diante de Senegal e Nigéria. Atuações fracas de atletas desestimulados, que viajam mais de 48 horas entre ida e volta, quando poderiam jogar em solo nacional ou até mesmo africano. Seriam partidas com maior motivação, em ambiente mais adequado, parecidos com jogos de verdade.
Quando a CBF e seus parceiros levam os jogadores de Tite para o outro lado do planeta, o treinador perde tempo. Tempo que poderia dedicar aos treinamentos e à convivência com os convocados para esses amistosos, que fazem jus ao rótulo. A postura, também amistosa, de Tite, que não se queixa, que não reivindica, pode se voltar contra ele. Por que indo a campo com tamanha preguiça e sem ajustes necessários, a seleção joga mal, não vence e tudo isso vai na conta do treinador. Não nas dos dirigentes.
Sobre o autor
Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Sobre o blog
Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.