Maracanã com setores sem cadeiras: antes de pé do que fora do estádio
Mauro Cezar Pereira
25/09/2019 13h02
Torcedores de pé na geral do Maracanã: estádio foi refeito para a Copa do Mundo de 2014
Frequentei o Maracanã algumas vezes por semana durante anos. "Morei" ali parte da minha vida, inclusive com incontáveis jogos na geral, pertinho do campo, sob sol e chuva. De pé! E sobre a criação de um setor sem cadeiras no estádio que puseram no lugar do nosso Maracanã, é importante ressaltar que:
1) sem elas, que eventualmente quebram (e cada uma custa pelo menos R$ 500), a manutenção do estádio fica mais barata, o que viabiliza ingressos mais acessíveis;
2) não são poucos os torcedores que preferem torcer de pé, cadeiras são desnecessárias para milhares;
3) o New Maracanan é uma aberração que tomou o lugar de um templo em bom estado, reformado pouco antes de ser estuprado e que consumira cerca de R$ 400 milhões em reformas e adaptações então ainda recentes;
4) já que aquilo lá existe e não há como voltar atrás, que seja adaptado para o perfil do torcedor brasileiro, afinal, o projeto que consumiu mais de R$ 1 bilhão foi desenvolvido especificamente para um evento, a Copa do Mundo da "Dona" Fifa;
5) o pobre hoje não passa na porta do estádio. Se ele realmente puder entrar em alguns jogos, pelo menos, já será um avanço, uma espécie de justiça social futebolística;
6) atualmente milhões de torcedores são barrados pelo bolso, pela elitização. E essa é a realidade abjeta de muitas "arenas" brasileiras. Sim, pior do que só ter lugar para ficar em pé no estádio, é não ter onde ficar no estádio. Palavra de geraldino.
Sobre o autor
Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Sobre o blog
Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.