Marketing do Fla oferece chance de zoeira com novo “cheirinho”. E silencia
Mauro Cezar Pereira
07/08/2019 21h30
O departamento de marketing do Flamengo aprontou uma saia-justa depois do jogo frente ao Emelec, no Maracanã. Um e-mail foi disparado para associados e o tema era (pasmem) a final da Libertadores. Nem parecia que o time ainda precisa superar mais duas fases, quatro jogos, para chegar à decisão.
Depois da trapalhada houve nota oficial, pedido de desculpas ao Internacional, próximo adversário dos rubro-negros no certame, e a imprensa divulgou a demissão da funcionária que teria disparado a mensagem non sense. Mas será que foi mesmo ela? Quem a autorizou? Perguntes seguem no ar, sem respostas.
O e-mail que gerou polêmica – Reprodução
Óbvio que, involuntariamente, o marketing do clube entregou de bandeja um mote para memes e gozações dos torcedores rivais do Flamengo em caso de eliminação. Seja nas quartas ou numa eventual semifinal da competição.
Diante disso, o assunto não é mais interno, mas de interesse do sócio e da torcida em geral, claro. Diante da falta de maiores explicações aqueles que os próprios marqueteiros do Flamengo costumam chamar de "Nação", questionamos o departamento que protagonizou a falha.
Assim, o blog enviou perguntas à comunicação do clube, que, vale ressaltar, nada tem com o imbróglio, embora tal setor e o marketing tenham o mesmo vice-presidente, Gustavo Oliveira. Abaixo o conteúdo do e-mail com as perguntas endereçadas ao(s) dirigente(s):
"Caros, o recente episódio do e-mail aos associados do Flamengo sobre final da Libertadores, isso com o time ainda muito distante de tal meta; expôs a torcida rubro-negra a futuras gozações.
Há risco de virar o novo "cheirinho", mote utilizado por torcedores de outras agremiações e até segmentos da imprensa em memes e gozações.
O clube poderá alegar que trata-se de "assunto interno". Mas quando algo do gênero vaza e expõe o Flamengo ao ridículo e sua torcida a gozações, passa a ter interesse geral.
No detalhe a convocação para a final da Libertadores – Reprodução
Assim, lhes encaminho as perguntas abaixo:
1) Na nota oficial da semana passada o Flamengo afirma que o e-mail "foi disparado equivocadamente". Mas por que alguém do clube deu início a uma ação sobre final de Libertadores a ponto de redigir mensagem aos associados se a equipe sequer começou a disputar as quartas-de-final? Qual a razão, a explicação para a existência de tal mensagem faltando quatro jogos dificílimos para o time alcançar a decisão, se é que lá chegará?
2) Uma funcionária foi demitida após o episódio, por quê?
3) Ela disparou o e-mail?
4) Se a resposta anterior for sim, a funcionária agiu sozinha?
5) Não teria ela que ser autorizada/supervisionada por sua chefia?
6) A chefia dessa funcionária assumiu alguma responsabilidade pelo episódio?
7) O marketing do clube já consegue estimar o tamanho do prejuízo para a imagem do Flamengo após tal falha?
8) O que o vice presidente de marketing tem a dizer após mais essa grave falha em setor do clube sob seu comando?
A resposta da comunicação por e-mail foi: "Mauro, esse assunto é interno".
Conveniente pedir que os rubro-negros se associem, convocar para lotar o Maracanã etc, mas quando uma falha grave se espalha além do clube, não há maiores explicações. Só silêncio. No entanto, se o Flamengo for eliminado da Libertadores a zoeira não será interna. E o e-mail convocando para a final virará tema de gozações. Talvez se transforme no novo "cheirinho".
Sobre o autor
Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Sobre o blog
Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.