O técnico que ama o futebol ultradefensivo e não liga para gols
Mauro Cezar Pereira
23/07/2019 22h46
O técnico Mano Menezes no empate sem gols com o River Plate em Buenos Aires – Foto: divulgação/CEC
Zero! Este foi o número de finalizações do Cruzeiro na direção da meta do River Plate no empate sem gols em Buenos Aires. Resultado mantido graças a mais um arremate sem direção: Matías Suárez bateu pessimamente um pênalti nos acréscimos e isolou a chance de vitória argentina.
O atual campeão da Copa Libertadores finalizou 20 vezes, seis no alvo (números do Footstats), e irá a Belo Horizonte precisando vencer ou empatar com gols para seguir defendendo o título ganho em 2018. A vantagem celeste, se é que ela existe, está no mando de campo, nada mais.
A presença do Cruzeiro nas semifinais da Copa do Brasil foi alcançada de maneira sofrida, jogando mal na maioria das partidas. O retrospecto é assustador: nos 15 últimos compromissos a equipe perdeu sete, empatou sete e venceu uma só vez. Incrível!
Os 3 a 0 sobre o Atlético valeram a vaga, mesmo levando 2 a 0 na volta. Contudo, já são mais de quatro partidas (três 0 a 0) sem marcar, exatos 395 minutos sem gol (mais de seis horas e meia), apesar do elenco farto em bons jogadores, inclusive atacantes.
Há torcedores que não precisam ver seus times em ação, para eles basta saber o resultado. Se venceu, nada mais importa. Mas ocorre que o Cruzeiro simplesmente não vence. O êxito diante do maior rival foi rara exceção, única vitória em uma dezena e meia de partidas.
O mais chocante é que o time joga assim por convicção de seu técnico. Não é uma equipe limitada que praticamente força o treinador a adotar postura conservadora. Nada disso. Mano Menezes coloca seus atletas em campo para defender, defender e defender. E aparentemente o faz por paixão.
Sim, ele até já demonstrou ser capaz de fazer algo diferente, é um homem inteligente, sonhou com o futebol europeu… Mas hoje demonstra amor pelo futebol ultradefensivo, de poucos gols, com desempenho sofrível, sustentado por triunfos em mata-mata que lhe dão novo oxigênio, sabe-se lá até quando.
Um grande colaborador desse futebol paupérrimo que há anos vem imperando em terra brasilis. Uma pena.
Sobre o autor
Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Sobre o blog
Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.