Culpa não é do Botafogo, nem de Zé Ricardo, mas das duas dúzias de covardes
Mauro Cezar Pereira
13/04/2019 10h04
Poderiam ser evitadas pelo próprio técnico as absurdas cenas de hostilidade a Zé Ricardo ao desembarcar no Rio de Janeiro após retornar de Caxias do Sul, onde o time perdeu para o Juventude e foi eliminado da Copa do Brasil. O blog questionou a diretoria do Botafogo sobre a exposição do profissional, então já demitido, caminhando pelo saguão até o ponto de táxi e sendo ameaçado e fortemente insultado por um grupo de torcedores. O clube informou que foi opção dele deixar o local daquela forma, por sinal, a correta, tem tal direito.
O Botafogo assegura que tomou providências para que todos saíssem em segurança, entrando em contato com Infraero, Bepe/PM, etc. "O ônibus saiu do aeroporto com destino ao estádio, onde a maioria estava com seus carros. O Zé e o Flávio Tênius (preparador de goleiros) pediram pra ir direto para a Zona Sul. Disseram que esperariam um pouco e sairiam. Decisão deles, embora advertidos de que não seria o ideal", conta o vice-presidente de futebol, Gustavo Noronha. O coletivo transportou o grupo desde a pista do Santos Dumont, aeroporto localizado no Centro do Rio de Janeiro.
"Ele (Zé Ricardo) mora na zona sul e preferiu pegar um táxi, ao invés de seguir, no ônibus, com a delegação, até o Nilton Santos e de lá pegar um táxi. Foi avisado da presença de baderneiros no Santos Dumont e não se incomodou, correndo todos os riscos dessa decisão conscientemente", relata o vice-presidente jurídico, Domingos Fleury. O treinador chegou a esperar por alguns minutos até deixar o local, mas sua estratégia deu errado e mais de duas dúzias de botafoguenses esperavam para ofender o profissional.
É evidente que Zé Ricardo tem todo o direito de caminhar pelo aeroporto como fez, ele não é um fugitivo. Mas também é óbvio que a sociedade brasileira está cada vez mais agressiva e que esse tipo de manifestação se tornou absurdamente comum. E não é exclusividade do futebol. O maior problema é a impunidade. Cercaram um cidadão, o ofenderam, o humilharam publicamente, e nada acontecerá com tais elementos. O Botafogo tomou suas medidas. Zé Ricardo não se curvou ao sair pela porta da frente. Ele tem esse direito, ora. Os culpados? São aqueles 20 e poucos covardes.
Sobre o autor
Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Sobre o blog
Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.