Flamengo vence em noite para lembrar lições bem recentes. E Abel percebeu
Mauro Cezar Pereira
20/03/2019 00h36
Gabigol: duas chances desperdiçadas, um par de gols, o primeiro em impedimento. Pouco para jogos grandes
Um dos maiores problemas do Flamengo nos últimos anos em jogos grandes foi ser arame liso, o time que cerca, cria, finaliza, mas não machuca o adversário, não faz os gols. Em 2017 nos três jogos fora de casa pela Libertadores, e nas finais da Copa do Brasil e da Sul-americana. No mesmo ano, pelo Brasileiro, contra Palmeiras e Grêmio, na Ilha do Urubu, e Corinthians, em Itaquera. Ano passado diante dos cruzeirenses na Libertadores, contra os corintianos na Copa do Brasil, diante do São Paulo, duas vezes, Ceará, Palmeiras, Vasco, e outros rivais na Série A 2018. Até pênaltis importantes foram perdidos. São apenas alguns exemplos de como o ataque ineficiente desperdiçou chances e levou a fracassos.
Por isso ver o time rubro-negro diante do fraco Madureira não aproveitar tantas chances, algumas claríssimas, é sinal preocupante. Pelo menos Abel Braga percebeu. O técnico elogiou a atuação ao destacar pontos positivos, sem deixar de demonstrar inquietação com as oportunidades jogadas no lixo. O elenco melhorou demais na qualidade dos homens de frente, com as saídas de Marlos Moreno e Geuvânio, além do limitado Henrique Dourado, e as chegadas, desde o segundo semestre do ano que passou, de Vitinho, Bruno Henrique e Gabigol. Sem falar em Arrascaeta, para compensar a venda de Lucas Paquetá. Por isso o nível de exigência deve ser alto, e foi só 2 a 0 com o primeiro gol marcado em claro impedimento.
Quem não é torcedor do clube deve achar legal ver o time correr, criar situações de gol, perder um monte delas, e marcar apenas duas vezes quando teve tudo para pelo menos dobrar o placar. Mas o rubro-negro minimamente atento sabe onde esse estilo arame liso leva: a lugar algum. Quem não é Flamengo e hoje curte o time correndo e mostrando vontade, um avanço depois de tantas exibições no modo banana. Principalmente porque se, lá na frente, nos grandes duelos, nas competições mais relevantes, o ataque novamente deixar a desejar, esse não-flamenguista jamais ficará frustrado. Talvez saia por aí até feliz, dependendo do desfecho do certame em questão. A exigência tem que ser alta, lá em cima. De clube grande.
Sobre o autor
Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Sobre o blog
Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.