Abel termina jogo com "time de índio", mas hoje Fla deve voltar ao "normal"
Mauro Cezar Pereira
03/02/2019 04h00
Uma declaração, curiosa, e estarrecedora ao mesmo tempo, foi dada por Abel Braga após a vitória por 3 a 1 sobre o Boavista, na última terça-feira. Perguntado sobre a possibilidade de jogar com apenas um volante (Cuellar), o treinador disse não gostar de "time de índio". Era uma referência às equipes que atacam sem muitas preocupações defensivas.
Escalações do Flamengo quando assumiu a liderança da Série A em 2018: apenas um volante, Cuellar ou Jonas
Muitos times ganharam títulos importantes recentemente atuando com um volante apenas. São os casos do campeão inglês, Manchester City (Fernandinho), e do tricampeão europeu, Real Madrid (Casemiro). O próprio Flamengo tinha apenas o colombiano na função em seu melhor momento do campeonato brasileiro passado, quando virou líder, inclusive (veja acima).
No empate com o Vasco, que deixou os rubro-negros em segundo lugar, era Cuellar o único volante. Na rodada seguinte, o time roubou a ponta da tabela do Atlético, derrotando o Galo em Belo Horizonte. Jonas era esse homem, como no triunfo sobre o Bahia, e continuou na vitória seguinte, 1 a 0 no Corinthians. Foi o melhor momento dos rubro-negros em 2018.
Real Madrid, Barcelona e Manchester City em jogos recentes: não mais do que um volante "típico"
Durante a semana, Abel treinou o time com um volante, mas deve escalar a dupla Cuellar-Willian Arão neste domingo contra a Cabofriense, no Maracanã. Curiosamente o time terminou, bem, a partida de quarta-feira com um cabeça-de-área apenas, após as saídas de Jean Lucas, Dourado e Vitinho para as entrada de Éverton Ribeiro, Uribe e Bruno Henrique.
Claro que o jogo estava ganho, a classificação na Taça Guanabara assegurada, ou seja, um cenário favorável. Mas isso não significa que uma equipe não possa ser competitiva atuando com apenas um volante, um cão-de-guarda à frente da defesa. Os exemplos que derrubam essa (velha) tese são inúmeros. E o próprio Flamengo atuava assim há meses.
Formação do Flamengo ao final do jogo de terça-feira
Obviamente é possível jogar bem com um, dois ou até três volantes, e a maneira como a equipe atuará vai depender de características dos atletas e da proposta. Mas vincular a presença de um volante a algo que poderia ser definido como irresponsabilidade tática, com ataque maciço sem preocupações defensivas, não faz sentido algum em 2019.
Sobre o autor
Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Sobre o blog
Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.