O que explica o fascínio de tantos pelo que faz o 11º colocado na Série A?
Vanderlei Luxemburgo era visto por muitos como acabado para o futebol. Não por acaso. Foram mais de 600 dias sem clube até ser contratado pelo desesperado Vasco, sem técnico nas primeiras rodadas do campeonato após uma desastrosa passagem de Alberto Valentim.
Foi lembrado porque, sem dinheiro, o clube não tinha muitas opções. Era uma oportunidade de recuperação para ambos, com metas baixas, basicamente sair das últimas colocações e assegurar a sobrevivência na Série A.
O Vasco era o 20°, último, não havia como piorar. E o elenco, embora esteja distante do grupo dos melhores, também passa longe de ser um dos piores. Os orçamentos de clubes como Chapecoense, Avaí, Ceará, Fortaleza, CSA e até Botafogo são inferiores, alguns bem menores.
Também é o caso do Goiás, que está à frente dos vascaínos. Outros com custos mensais mais baixos e em melhores posições na tabela são Bahia e Athletico. Já times como Cruzeiro e Fluminense têm folhas de pagamento, respectivamente, bem superior e próxima à do Vasco, mas estão atrás da equipe de Luxemburgo.
Em tal cenário, nada demais o time da Colina ocupar o 11º lugar, da mesma forma que, no ranking das folhas de pagamento, o Vasco é o 11º. Isso significa que a campanha é absolutamente proporcional à realidade, nem melhor, tampouco pior, apenas normal. Normalíssima.
Mas a supervalorização de uma campanha regular tem explicação, que passa pela carência de uma grande e sofrida torcida. Não são poucos os torcedores do Vasco que, aparentemente traumatizados com os três rebaixamentos em seis campeonatos, entram no Brasileirão pensando apenas em não cair, mesmo que seja possível esperar mais.
E o que seria mais? Na temporada 2017, Zé Ricardo levou um elenco de nível próximo ao atual à Copa Libertadores. Hoje nem precisaria tanto. Fincar bandeira na metade de cima da tabela de classificação, longe da zona do rebaixamento, com boa margem de segurança, já seria muito positivo, embora nada estupendo. E é algo tão factível que não está distante.
Mas o discurso atual é conhecido. Como o de 2014, quando pela última vez assumiu o Flamengo, encontrou o time na zona de rebaixamento e criou a (ótima) expressão "zona da confusão".
A meta era apenas sair dela, embora a Copa do Brasil fosse possível. Na semifinal os rubro-negros até abriram 3 a 0 no placar agregado com gol
fora de casa e tudo. Mas tomaram quatro do Atlético em
menos de uma hora, e foram vergonhosamente eliminados no Mineirão.
Quem estabelece objetivo tão, digamos, pouco ambicioso, passa a se satisfazer com pouco. O razoável parece bom, dependendo do ponto de vista, ótimo. E há quem embarque nessa onda, sem falar em fanáticos que "exigem" elogios, dignos de nota 10 a um trabalho digno de, no máximo, 6.
Essas pessoas parecem não ver futebol. O Vasco, hoje, faz algo parecido com o que apresentam tantos treinadores e seus times há tempos no país: pouca posse de bola, defesa fechada, forte marcação e rapidez na definição das jogadas.
Funciona? Sim, razoavelmente, mas não traz nada de especial. Coerente com o discurso do "nada mudou no futebol". De qualquer forma, parabenizo o arquiteto da equipe, não pelo que é apresentado, algo absolutamente comum, mais do mesmo, mas pela incrível capacidade de seduzir a tantos.
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