Topo

Mauro Cezar Pereira

Fortaleza admite saída "inesperada" de Ceni e busca jamais sair da Série A

Mauro Cezar Pereira

12/09/2019 12h51

O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, perdeu seu técnico, Rogério Ceni, em meio à luta pela permanência na Série A, para qual voltou neste ano após 12 temporadas fora da primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Em entrevista ao blog, ele fala sobre a saída do treinador e como o clube trabalha para melhorar sua estrutura seguindo entre os principais do futebol nacional.

O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, que esperava contar com Rogério Ceni até o fim da temporada – Foto: Divulgação/FEC

Como define a situação financeiro-administrativista do Fortaleza hoje?

A situação do Fortaleza é estável, administrativa e financeiramente. Um clube que consegue honrar seus compromissos com seus jogadores e funcionários, tudo dentro do prazo. Além disso, vem equacionando algumas dívidas que estão pendentes, tudo sendo feito de forma racional procurando o passivo do clube, que é pequeno se comparado ao de outros clubes do Brasil. É feito um trabalho diário para geração de novas receitas, para poder criar uma renda nova, para conseguir um equilíbrio. A permanência para a Série A em 2020 vai manter esse ciclo virtuoso para nossa melhora estrutural. O nosso trabalho também reflete em uma melhora na estrutura física do clube.

Não voltar à segunda divisão é o maior objetivo do clube no momento. Qual o cenário projetado para 2020 com a permanência na Série A?
Sem dúvida, o maior objetivo do clube em 2019 é a permanência na Série A. No primeiro semestre conquistamos o Estadual e a Copa do Nordeste, títulos que possuem um peso histórico muito grande. Mas, desde o início do ano, traçamos como grande objetivo permanecer na Série A, e com isso teremos o cenário planejado para seguir evoluindo o clube, tanto na administração quanto na estruturação. Temos a meta de fazer com que o Fortaleza tenha uma estrutura semelhante a dos gigantes do futebol brasileiro, e a cada ano de permanência na Série A isso se torna mais possível, além de aumentar a competitividade da equipe no torneio.

E qual o cenário em caso e rebaixamento?

O bom gestor tem que analisar os dois cenários. Caso o Fortaleza não permaneça na Série A, o clube vai frear seus investimentos em infraestrutura, mantendo seu caixa equilibrado para as circunstâncias de uma Série B, com menos investimento no futebol, com salários reduzidos, mas sem endividamento, que é o mais importante; não se endividar em caso de insucesso.

A saída de Rogerio Ceni cedo ou tarde era esperada, o senhor acreditava que ele iria até o final do Campeonato Brasileiro?
Eu acreditava muito que o Rogério iria permanecer até o fim do contrato, sempre foi crença, até ele sabe disso. A saída dele foi inesperada, mas entendo como uma decisão profissional, a decisão foi dele, sem nenhuma insatisfação com o Fortaleza. Nossa conversa foi em altíssimo nível, um ótimo relacionamento, encerramos esse ciclo com muita altivez. Mas de certa forma ele cumpriu o contrato, ao pagar a multa, ele estava cumprindo o contrato, embora nossa expectativa era que ele ficasse até o final do ano, sem a necessidade do pagamento da multa.

No médio prazo qual a grande meta do Fortaleza?

Em médio prazo, nossa grande meta é permanecer na Série A. Isso é fundamental para nossos objetivos, para conseguir receitas que possam ajudar na melhora estrutural do clube, qualificar as categorias de base, para revelar novos talentos e, quem sabe, buscar a vaga em competições internacionais. É assim que projetamos o Fortaleza em médio prazo, sabendo que tudo isso passa pela permanência na Série A, a primeira divisão é outro mundo se comparado a Série B, em todos os aspectos que se possa imaginar dentro do futebol. O Bahia é, hoje, o time do Nordeste com melhor desempenho na Série A e o que demonstra melhor recuperação fora de campo. Dentro é consequência.

O próximo adversário é um modelo a ser seguido pelo Fortaleza e por outros clubes da região? Por que?

O Bahia é um modelo a ser seguido, começou com o Marcelo Sant'Ana, e agora com o Guilherme (Bellintani). São gestões modernas, que tem privilegiado a relação com o torcedor, algo que buscamos fazer aqui. São inovadores em diversas ações, revelam e vendem jogadores, que é essencial porque oxigena o caixa do clube. Não só revelar da base, mas comprar jogador barato e vender por um preço bom, como no caso do Zé Rafael. Um clube que eu tenho uma simpatia muito grande pelo modelo de gestão, conheço os dois gestores mais recentes, e penso que é um modelo a ser seguido, além de termos muita coisa para aprender juntos. Penso que vai ser um duelo muito bacana, eles estão na primeira divisão há mais tempo que a gente, mas na competição regional este ano conseguimos ser campeões. Volto a dizer, temos sim como espelho, durantes nossa reuniões internas estudamos casos relacionados ao Bahia, sem qualquer tipo de rivalidade ou de orgulho, e sempre com admiração.

Como andam as relações com o rival, Ceará, após algumas ações conjuntas?

Temos uma relação profissional muito boa. Tratamos alguns assuntos em comum, como a tabela do campeonato local, patrocinadores, relação com a Arena Castelão, a busca por parceiros comerciais. Penso que o essencial para essa parceria é que nenhum clube quer ser maior do que o outro, quando vamos negociar algo, já está definido previamente que as condições serão iguais. Isso já evita grande parte dos nossos problemas e tem sido bastante favorável para os dois clubes.

follow us on Twitter

follow me on youtube

follow me on facebook

follow us on instagram

follow me on google plus

Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.