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Mauro Cezar Pereira

Acostumados ao paternalismo, jogadores escolhem Abel como "pai" no Flamengo

Mauro Cezar Pereira

27/05/2019 00h09

"O torcedor falou que 'o Flamengo não precisa de você', mas o meu grupo precisa".

"O mais importante, independentemente de (a crítica) ter vindo para mim, foi que eles (torcedores) foram para casa satisfeitos"

As declarações de Abel Braga depois da vitória sobre o Athletico não foram desastrosas como após as derrotas para Internacional, em Porto Alegre, e Atlético, em Belo Horizonte. Mas, como quase sempre, não muito conectadas à realidade, ao que se vê em campo e fora.

Os torcedores foram para casa satisfeitos? Não parece. Nas arquibancadas, na rampa, saindo do Maracanã, nas redes sociais, a torcida continuou manifestando sua imensa insatisfação com o mau futebol do time rubro-negro.

Os palavrões podem ser excessivos, ofensivos demais. Mas com ou sem eles, as reações populares depois de uma vitória emocionante, com a virada da virada, deixam claro que a maioria não quer mais esse futebol pífio.

Abel Braga na coletiva apos a vitória sobre o Athletico

O Flamengo é mal treinado, não se defende bem (levou gols em 22 das 30 partidas oficiais que fez em 2019), não apresenta tramas ofensivas, é um time espaçado, desorganizado em campo. E nos dois últimos jogos involuiu.

Abel tem o apoio da maioria dos jogadores, fruto de algo que ele faz bem: é capaz de conquistar o elenco. Mas isso é irrelevante se não consegue fazer o time jogar, render o que pode, o que se espera, e há muito a se desenvolver.

Curiosa situação do futebol, os atletas escolhem o chefe, algo não muito comum em qualquer outra atividade profissional. Como em um banco, uma loja, uma fábrica, é natural que prefiram um bem bonzinho, amigão.

O Flamengo não precisa de um treinador parceiro dos jogadores, mas de um profissional que os faça jogar mais e melhor. Se tomam vinho, batem papo, ouvem as mesmas músicas ou acham que ele é pai de todos, não importa.

Resta saber se os chefes do chefe percebem que depois de um período no qual o paternalismo dos dirigentes imperava no futebol rubro-negro, ele resiste, agora pelas mãos do técnico. E isso até aqui não levou a lugar algum.

 

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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.