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Mauro Cezar Pereira

São Paulo x Botafogo, confronto no qual o "pobre" quis a bola, o "rico" não

Mauro Cezar Pereira

28/04/2019 00h21

 

Éverton Cardoso e Antony comemoram o primeiro gol tricolor sobre o Botafogo

O site Transfermarket aponta o São Paulo como o sexto elenco mais valioso do Campeonato Brasileiro (€73,70 milhões). O Botafogo é o 14º (€ 31,15 milhões), com menos da metade do investido pelos tricolores em seu grupo de jogadores. Mas em campo, o time mais "pobre" queria mais a bola, o mais "rico", nem tanto. Um símbolo do que é o futebol praticado no Brasil.

Nas principais ligas do planeta, os times mais caros, que consequentemente possuem os melhores jogadores, ficam mais tempo com a pelota. Assumem o jogo, trocam passes, atacam. Os mais pobrinhos, mais fracos tecnicamente, raramente assumem tal responsabilidade. Alguns até tentam, mas enfrentam a óbvia dificuldade ante a superioridade dos adversários mais qualificados.

O Botafogo agora gosta da bola. Eduardo Barroca deu o primeiro treino 11 dias antes da estreia na Série A e já começou a trilhar um caminho para tentar compensar deficiências individuais com jogo coletivo. Na derrota para o São Paulo, trocou 628 passes certos. Na vitória por 3 a 0 sobre o Defensa y Justicia pela Copa Sul-americana foram 87! Depois, duas eliminações.

No Morumbi teve 66,2% de posse de bola, mostrou organização e tentou jogar. Louvável. Então você dirá: "Mas perdeu". Sim, a inoperância técnica e a fragilidade ofensiva alvinegra são um problema que não se soluciona em 11 dias. Talvez nem em 365. Mas o novo treinador tenta. E tem coragem para sair da vala comum do futebol que, em geral, se pratica no Brasil.  

"Estávamos com o 1 a 0 a mão, esperando uma retomada em velocidade ", disse Cuca ao tentar explicar a postura do São Paulo quando ficou em seu campo e o Botafogo trocava muitos passes. É a tônica do futebol jogado aqui, faz o gol e recua, não segue atacando na busca pelo segundo gol. O que impedia a busca pelo placar mais amplo? Imposição em casa ante o adversário.

Pato, Vítor Bueno, Tchê Tchê… São Paulo cheio de estreias e time caro contra um Botafogo com salários atrasados e que até hoje espera pelos lampejos de Pimpão, por sinal, indolente na origem das jogadas dos dois gols da peleja vencida pelos donos da casa por 2 a 0. Neste cenário, foi digna atuação botafoguense. A do time paulista não foi condenável, mas poderia ser melhor.

O Botafogo apresentou bons sinais com alguns dias de treino de Barroca. Falta agressividade, mas o time foi organizado e sem rifar bola, jogando futebol, não se acovardando. Progresso nítido em pouco tempo e uma partida. Já o São Paulo, diante das palavras do treinador, parece que será mais um desses times reativos. Gostava mais do Cuca ousado da década passada.
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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.