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Mauro Cezar Pereira

A obsessão brasileira pelo Barça e consequências da escolha de Coutinho

Mauro Cezar Pereira

26/03/2019 04h00

Coutinho, com a camisa do Liverpool, ao lado de Neymar na seleção e saindo do banco para jogar pelo Barcelona

Philippe Coutinho era adorado pela torcida do Liverpool, um dos maiores clubes do mundo, com cinco títulos europeus e torcedores espalhados pelos quatro cantos do planeta. Para completar, nascia a parceria com Roberto Firmino, Salah e Mané. Mesmo assim, o brasileiro fez de tudo para ir embora, trocou a idolatria na terra dos Beatles pelo sonho de nove em cada 10 jogadores brasileiros, defender o Barcelona.

Por aproximadamente € 160 milhões o meia-atacante revelado pelo Vasco voltou à Catalunha, onde defendera o Espanyol antes de rumar para a Inglaterra. E as coisas não vão bem, seu jogo não se encaixa com o Barça. À distância, ele já viu o ex-clube entrar em ótima fase, vice-campeão europeu em 2018 com o trio, que poderia ser um quarteto; brigando pelo campeonato inglês e mais uma vez vivo na Champions League.

Jürgen Klopp tentou de todas as formas segurar o jogador, que alegou dores nas costas para não defender o Liverpool no começo da temporada passada, mas ficou bom ao se apresentar à seleção brasileira, pela qual atuou. Na janela seguinte, em janeiro de 2018, o negócio foi fechado e ele retornou à Espanha. "Não é casualidade que tenha explodido nas mãos do Klopp", afirma o jornalista brasileiro radicado em Madri Fernando Kallas.

Segundo o jornalista Diego Torres, do jornal espanhol El País, o treinador alemão teria aceitado a saída do brasileiro não apenas pela pressão que fazia para ir embora e devido à bolada com a qual acenavam os catalães. Klopp concluíra, após uma temporada de testes, que o esquema tático mais adequado ao elenco era o 4-3-3. E nesse sistema Philippe Coutinho só poderia se destacar em uma das pontas, disputando posição com Salah.

Para Kallas, que trabalha no diário esportivo As, o ex-vascaíno é muito introvertido, precisa de uma pessoa positiva, que o coloque para cima, como o alemão. "Não é coincidência ele ter explodido com Klopp no Liverpool. Então ele sai de um lugar desses, onde é ídolo e vai para um time que não conhece, para uma posição que não é a dele. Aí encontra um treinador que e o oposto. O (Ernesto) Valverde é basco, a personalidade dele é outra", frisa

Não por acaso desde novembro se fala sobre a possibilidade de o clube negociar o jogador mais caro que já contratou. "Existe uma preocupação tremenda, ele foi contratado pra ser meia, substituir o Iniesta, aí perceberam que a posição dele é outra, a do Liverpool. Daí coincide com a explosão do (Ousmane) Dembélé, na função que poderia ser do Philippe Coutinho. Então ficou sem espaço, virou banco", acrescenta Kallas.

Há quem ache o melhor tentar uma saída o quanto antes e recuperar parte do investimento. As atuações abaixo do que pode apresentar e o abatimento do atleta fazem com que muitos acreditem na sua recuperação somente quando deixar o Barcelona. Reflexo de uma escolha mais emocional do que racional, afinal, jogadores brasileiros têm uma espécie de fetiche pelo clube, mas nem todos vingam, de Roberto Dinamite a Paulinho.

 

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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.