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Mauro Cezar Pereira

Brasileiro que trabalhava para jogador pode pegar 20 anos em prisão russa

Mauro Cezar Pereira

22/01/2020 18h40

No ano passado, Robson Oliveira seguiu os passos de sua companheira, Simone Barros, e foi para a Rússia trabalhar como motorista do volante Fernando, então jogador do Spartak Moscou. Ela era cozinheira da família. Mas desde 18 de março ele está preso por portar duas caixas do remédio Mytedom 10mg (cloridrato de metadona), utilizado para conter dores fortes e também pelos que tentam se livrar do vício pelo ópio ou heroína.

No território russo, a substância é considerada entorpecente. O medicamento estava em mala que o casal levou para a Rússia a pedido de familiares do atleta, ou seja, não pertencia a Robson e Simone. Mesmo assim ele foi detido e agora corre o risco de ser condenado a 20 anos de prisão. Quanto a Fernando, logo depois ele foi para a China jogar pelo Beijing Guoan.

O blog conversou com Olimpio Soares, advogado do brasileiro que para lá viajou atraído por um salário de R$ 6 mil mensais e acabou nesse pesadelo.

Robson está preso na Rússia há 310 dias e pode pegar 20 anos de prisão

Como está a situação do Robson?

A situação do Robson é bem complexa, tendo em vista que nenhum dos integrantes da família do Fernando se dispôs a ir até Moscou para depor a favor dele, contando a verdade e como ele foi parar naquela situação para a juíza do caso. Vale ressaltar que foi pedido ao juízo que eles se manifestassem através de videoconferência, a juíza negou mas aceitou ouvi-los em sede do tribunal. Logicamente eles não iriam, tendo receio pela liberdade deles.

E qual foi o passo seguinte?

Dei a ideia de todos, inclusive o Fernando, darem uma declaração em cartório aqui no Brasil. Traduziria essas declarações através de um tradutor juramentado e apostilaria essas declarações, que então teriam valor jurídico na Rússia. Eles se negaram a princípio, falaram que só se manifestariam se recebessem uma intimação da Justiça russa. Acredito que eles têm que tirá-lo de lá, têm a obrigação de fazer com ou sem pedido da Justiça russa.

O que é preciso para que ele possa ser libertado?

Para ele ser libertado, é necessário que o verdadeiro dono dos remédios se apresente e assuma a medicação, mas não fariam isso porque nesse caso o sogro do jogador poderia ficar no lugar do Robson.

Os familiares do Fernando têm mantido contato? Qual a postura deles?

Não mantêm contato, falo somente com o advogado deles aqui no Brasil. Eles estão custeando minhas viagens para Moscou para que eu possa acompanhar in loco o processo e passar para a família.

O Robson corre risco de ser condenado? Como e por quanto tempo?

O Robson corre o risco de ser condenado por dois crimes, contrabando de substância estupefaciente e tentativa de tráfico de substância estupefaciente. Ele pode pegar 20 anos de prisão.

E a diplomacia, com deputados e outros que foram até a Rússia, deu algum resultado?

Vinha mantendo contato com o deputado Marcelo Freixo, se mostrou muito empenhado, mas disse que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não tinha enviado um documento formal à embaixada Russa. Cobrei o Freixo esses dias, e ele ficou de me retornar, mas até agora nada.

Tem falado com o Robson?

Falo com o Robson nas audiências em Moscou, na frente da juíza, guardas e diplomatas da embaixada. O Robson está muito preocupado com a situação do processo mas disse estar sendo bem tratado na prisão.

O que pode ser feito para ajudá-lo?

Para ajudá-lo, seria necessário uma declaração no processo de todos da família e principalmente do Fernando, que é a figura pública e tem bastante influência em Moscou, tendo em vista que jogou por três anos no clube do governo, o Spartak Moscou.

 

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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.