Má notícia para quem espera que o Fair Play Financeiro segure quem contrata
Muitos torcem pela chegada do fair play financeiro ao futebol brasileiro para frear as contratações do Flamengo. Há algum tempo o alvo de tais anseios era o Palmeiras. Diante da imensa confusão feita por vários torcedores, o blog entrou em contato com uma autoridade no assunto: César Grafietti, consultor que lidera a equipe responsável pelas análises dos balanços dos clubes feita pelo Itaú BBA.
Ele elabora, para a CBF, o projeto que deverá implementar no Brasil essa forma de controle das finanças dos clubes de futebol. E a notícia não é boa para esses torcedores que, ao invés de cobrar responsabilidade administrativa dos dirigentes de seus clubes, passam os dias sonhando com uma canetada que detenha a evolução das agremiações que trabalharam para isso. Com a palavra, César Grafietti:
"Para os clubes que têm mais lastro com relação à saúde financeira, como Flamengo, Palmeiras, Grêmio e Bahia, será melhor ter o fair play financeiro. Naturalmente eles podem gastar o que gastam. Já os que gastam muito e vivem endividados teriam que reduzir custos, elenco, investimento.
O conceito do fair play financeiro é justamente o do equilíbrio individual de cada clube. Não o coletivo com todos equilibrados, mas sim com cada um dentro das suas contas. Nasceu com a ideia de que precisam ser saudáveis, parar de atrasar salários, impostos e pagamentos a outros clubes. E a forma de evitar isso é gastando apenas aquilo que arrecadam.
O modelo europeu impõe limites para prejuízos, os clubes não podem acumula-los, a folha salarial não pode passar dos 70% das receitas, há limites de endividamento, uma série de regras que buscam garantir saúde financeira e estabilidade.
Pensando num modelo brasileiro, os que tiverem déficit, gastos superiores ao que arrecadam e muitas dívidas certamente terão maiores dificuldades para respeitar as regras do fair play financeiro. Um modelo como esse fará com que os que hoje mais arrecadam e mantêm as contas em dia sejam beneficiados, pois seguirão com capacidade para fazer investimentos e pagar salários.
Já os que têm déficits e dívidas elevadas terão que passar um tempo se adequando até que apresentem uma condição diferente de competição. O importante é evitar os constantes atrasos de todos os tipos, que frequentemente se vê no futebol brasileiro. É o que há por trás de um modelo de fair play financeiro, que existe na Europa e em breve chegará ao Brasil".
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