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Mauro Cezar Pereira

Patamar elevado do Flamengo ficou claro, só que o do Liverpool está acima

Mauro Cezar Pereira

21/12/2019 22h13

Filipe Luís parte com a bola marcado por Salah, Henderson e Keita – Foto: AlexandreVidal/Divulgação/CRF

Jogar contra o campeão europeu é tarefa complexa, especialmente quando este também é o melhor time do momento, caso deste Liverpool que perdeu apenas uma das 56 últimas partidas que fez pela Premier League, o mais difícil campeonato nacional do planeta. Uma equipe que no atual campeonato inglês jogou 17 vezes, empatou uma (fora de casa, em Old Trafford, com o maior rival, Manchester United) e venceu 16!

Foi contra esse adversário que o Flamengo se impôs por boa parte dos 90 minutos em Doha, especialmente no primeiro tempo. Teve a posse, jogou bola, colocou o Liverpool em seu próprio campo, marcando, por tanto tempo que antes do intervalo era de 59% o tempo de posse da pelota dos rubro-negros. O time brasileiro jogava com coragem, não se limitava a atuar fechado em sua defesa, esperando uma chance.

Mas uma equipe como a campeã da Europa, forte e habituada a jogar do mesmo jeito, sem se descontrolar, mesmo quando em dificuldades, sabe que em algum momento deverá recuperar o domínio da partida. "Eles não se desconcentravam, mantiveram a calma, a forma de jogar", ressaltou o capitão Diego, com longa experiência de futebol europeu, após o encerramento da decisão do Mundial de Clubes da Fifa.

O Flamengo perdeu e isso obviamente não satisfaz, não deixa a torcida feliz, embora ela tenha motivos para estar orgulhosa de uma apresentação ousada, enquanto a condição física permitia. Fora a Flórida Cup, foram 74 jogos na temporada do time carioca, o Liverpool chegou ao seu cotejo 30º na atual, e como ela termina em maio, não deve passar de 60 apresentações. Isso pesou no decorrer do jogo.

Fato é que o time inglês mereceu vencer, criou as melhores chances e fez o goleiro Diego Alves trabalhar mais do que Alisson. Mas com um pouco de sorte e pontaria, Lincoln poderia empatar no finalzinho da prorrogação, após passe de Vitinho. Mandou para fora. Não, o Flamengo não pode reclamar da sorte, ela lhe sorriu. O que faltou então? Tempo. São cinco meses de Jorge Jesus contra quatro anos, dois meses e oito dias de Jurgen Klopp nos Reds.

A partida do time brasileiro mostrou que, sim, e possível desafiar equipes poderosas da Europa nesses duelos. Mas para vencê-las encarando-as, saindo para o jogo, como fez o Flamengo e jamais se havia visto antes nesse cenário de imenso desequilíbrio financeiro e com ricos clubes europeus podendo contratar jogadores das mais diversas nacionalidades, algo que se acentuou neste século. Mas é necessário avançar mais, chegar a um estágio mais alto. O Flamengo está, sim, em outro patamar no Brasil e em relação a boa parte do continente. E ele é elevado, mas ainda bem abaixo dos melhores times de futebol do mundo.

 

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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.