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Mauro Cezar Pereira

Cruzeiro tem castigo merecido; torcida do Vasco faz bonito e o Fla vergonha

Mauro Cezar Pereira

08/12/2019 18h51

Caos no Mineirão após a derrota do Cruzeiro, rebaixado, para o Palmeiras – Foto: Marcelo Alvarenga/Folhapress

O rebaixamento do Cruzeiro foi sendo desenhado pouco a pouco. Não em 2019, mas nos últimos anos, com descontrole financeiro, gastos além da realidade do clube, gestões irresponsáveis e uma série de erros crassos, ofuscados por quatro títulos de âmbito nacional. Bicampeão da Série A em 2013/2014 bi da Copa do Brasil em 2017/2018, teve troféus e premiações a servir como cortina-de-fumaça ante tantos equívocos.

Os incompetentes que afundaram o clube, acumulando dívidas e devastando o Cruzeiro, contaram com o silêncio de ala da mídia e o aval de parte da torcida, que reagia mal e até de forma agressiva contra quem tentava lhes abrir os olhos, chamando a atenção para tantos desmandos. O time era campeão, do que importava o resto? Não percebiam que a alma celeste havia sido vendida ao Diabo, e a conta seria cobrada, duramente.

Claro, havia a ala dos cruzeirenses que celebraram os títulos mas não compactuavam com o que se passava. Hoje esses lamentam e não podem ser apontados como sócios de tamanha desgraça. Já os que, voluntariamente, fecharam os olhos e ainda partiram para o ataque contra quem apenas fazia seu trabalho, informando, alertando, não têm direito a queixas. Foram avalistas dos algozes do próprio clube. Acharam o que procuravam.

O rebaixamento não é o fim do Cruzeiro, óbvio, mas o pior nisso tudo é que a segunda divisão passa longe de ser o mais complexo dos problemas. A queda drástica nas receitas virá e se somará às dívidas, à inexistência de nomes novos e capacitados para reconstruir o clube. Tudo isso torna o cenário cruzeirense tenebroso. Será uma longa caminhada após um desastre anunciado e uma queda justa, um castigo indiscutivelmente merecido.

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Eram 67.395 no Maracanã repleto. O time, como em todo o campeonato, ficou abaixo do que poderia, apenas empatando com a já rebaixada Chapecoense. Mas a beleza do estádio neste domingo estava fora das quatro linhas. Os vascaínos foram em massa a uma partida que nada mais valia. Tudo pelo orgulho e pelo desejo de recolocar o Vasco no seu lugar. É o caminho. Que assim continue e os responsáveis pelo clube façam por merecer tamanho apoio.

Há tempos o Vasco da Gama perdeu espaço na mídia, não apenas pelos maus momentos, como os três rebaixamentos, mas também devido às más administrações, em outros tempos, com postura arrogante, antipática, que despertava rejeição. Passa da hora de mudar isso. A torcida vascaína é nacional e bem maior do que muitos imaginam por aí. O Maraca cheio de gente confirmou isso. A responsabilidade de dirigentes e profissionais do clube será maior em 2020. Que façam por onde merecer tanto alento.

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É normal que relaxe um time antecipadamente campeão brasileiro e às vésperas de uma viagem ao Catar para a disputa do torneio Mundial da Fifa. É natural uma equipe que pode ter feito seu último jogo, com o treinador aparentemente de saída, assim como alguns atletas; jogue uma peleja sem peso no desfecho do certame como se fosse decisão. Mas não é normal, tampouco aceitável, que o Flamengo do excelente Jorge Jesus jogue como fez diante do Santos, que o atropelou nos 4 a 0 na Vila Belmiro.

Claro que um cotejo assim não tem conexão com o torneio que virá. Evidentemente a motivação em Doha será outra. Mas se era para entrar em campo daquela maneira, melhor seria um time de reservas. Se o Flamengo protagonizou um vexame, o Santos fez bonito. Fecha 2019 como vice-campeão brasileiro e deixa para seu torcedor um troféu abstrato, que não pode ser tocado, erguido, o futebol bonito e competitivo com a assinatura de Jorge Sampaoli. Seria ótimo essa história não acabar nesta grande vitória.

 

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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.