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Mauro Cezar Pereira

A Copa Libertadores é mais importante do que o Mundial de Clubes da Fifa

Mauro Cezar Pereira

26/11/2019 16h27

Cristiano Ronaldo pelo Real Madrid, que venceu o Grêmio por 1 a 0 na última participação brasileira, em 2017 Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

O título desse post é de difícil compreensão para quem não acompanha futebol e até para os que seguem o esporte atentamente. A própria geografia acusa isso. Mas a reflexão é válida.

O torneio Mundial da Fifa tem um forte viés político. Trata-se de um certame que funciona como uma Copa das Confederações de clubes, mas sem desafio técnico que seduza os europeus.

Não por acaso a entidade vai mudar tudo em 2021. Óbvio que ela deseja ter o controle de uma competição de clubes que rivalize minimamente com a Uefa Champions League. É muita coisa envolvida.

Os representantes europeus não dão ao Mundial um décimo da importância destinada à Liga dos Campeões. Falta desafio técnico, tradição, interesse do torcedor, na comparação com o torneio da Uefa.

Quando um time sul-americano ganha a Libertadores, ele alcança seu máximo em condições reais. Sim, pois é uma competição disputada dentro da realidade econômica e técnica do continente.

O Liverpool, campeão da Champions Legue, faturou €645 milhões na sua mais recente temporada. Já o Flamengo cravou €129 milhões em 2018. Segundo o especialista em finanças de futebol César Grafietti, deve chegar a €225 milhões em 2019, pouco mais de um terço do movimentado pelos Reds.

O site Transfermarket calcula o valor de mercado do elenco rubro-negro em €125,35 milhões e o dos Reds em €1,07 bilhão. O site avalia só Van Dijk em €100 milhões, Mané em €120 milhões e Salah em €150 milhões!

Maior venda do clube inglês, Philippe Coutinho custou ao Barcelona €130 milhões e iria até €163 milhões se ele atingisse metas. O recorde do campeão brasileiro é Vinícius Júnior, que custou €45 milhões ao Real Madrid.

Essa disparidade econômica não gerava a diferença técnica atual em 1981, quando o Flamengo derrotou o Liverpool no Japão, pois o mercado europeu não estava aberto como hoje. Além disso não havia a atual regulamentação baseada na Comunidade Econômica Europeia.

Por isso o Flamengo tinha Zico e outros grandes jogadores que, hoje, sairiam mais cedo do Brasil. Atualmente, derrotar o campeão europeu é a chamada "missão quase impossível" para clubes da América do Sul.

Isso não significa que os times sul-americanos devam desistir da competição. Ela acena com a sedutora oportunidade de enfrentar o campeão da Europa. O problema acontece quando a supervalorizam, a ponto de diminuírem o peso da conquista de uma Copa Libertadores.

Jogar o Mundial de Clubes sem tratar como se fosse maior do que a competição do nosso continente é a chave. Agir da mesma maneira que os europeus, especialmente ingleses, que não dão muita importância ao evento. Altivez, sem ser refém de Eurocentrismo.

E na bola, vai lá e vê o que é possível fazer. Se acontece o improvável, um título de time sul-americano, vale como belo bônus após a conquista da maior glória, a Copa Libertadores da América.

 

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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.