Absurda, inversão de mando nem sempre desperta mesmas reações. Mas deveria
Em 2018 o já rebaixado Paraná Clube tentou levar alguns de seus últimos jogos para fora de Curitiba, com o intuito de ganhar algum dinheiro, já que sua torcida estava desinteressada com a má campanha da equipe, então com passaporte carimbado para a Série B. Mudou apenas o duelo contra o Palmeiras para Londrina, onde o estádio do Café, pintado de verde e branco, viu o empate em 1 a 1. Prática comum há anos, mas que nem sempre desperta reações de indignação como a decisão do CSA de mudar para Brasília o confronto com o Flamengo.
Óbvio que o time alagoano deveria receber os rubro-negros em Maceió, mas a omissão da CBF permite isso, como tolerou a troca de local do jogo acima citado ano passado, e há duas rodadas o Vasco enfrentando o Corinthians em Manaus. A Arena da Amazônia recebeu quantidade de corintianos muito superior aos que estariam em São Januário se o cotejo fosse mantido no Rio de Janeiro. Evidentemente o tricampeão paulista saiu em vantagem, outros times que irão ao estádio vascaíno não terão a mesma oportunidade. Essas mudanças geram desequilíbrio técnico.
Curiosas são as reações de segmentos da imprensa esportiva, que mal se manifestaram sobre a mudança de local de Vasco x Corinthians e também não se incomodaram tanto com Paraná x Palmeiras em Londrina, ano passado (vídeo acima). Em outubro de 2016, a CBF interveio e vetou tais alterações nas últimas cinco rodadas do campeonato. Com isso o América não conseguiu tirar de Belo Horizonte o confronto com o Flamengo na 35ª rodada. Mas o time mineiro havia levado o cotejo com o Palmeiras para Londrina na 29ª. Pior foi em 2017, quando vetou todas as mudanças de local, algo injusto.
E por que injusto? Digamos que o Flamengo leve um jogo com seu mando para Brasília, ou uma cidade nordestina, onde tem muitos torcedores, por opção financeira ou desejo de atender à demanda dos rubro-negros de outras regiões. O time carioca atuando contra um de outro Estado fora do Rio consegue manter mando de campo, pois é capaz de lotar os estádios com sua própria torcida. O mesmo ocorreria se o Palmeiras fosse a Londrina, por exemplo, como mandante numa rodada de Allianz Parque sem futebol devido a um evento como os shows musicais. Nesses casos não há inversão.
Resolver é simples, basta acrescentar ao regimento do campeonato um item: "se o clube mandante modificar o local da partida, a torcida do time visitante não poderá adquirir mais do que 10% dos ingressos, como estabelece o regulamento da competição". Automaticamente desistiriam, pois economicamente deixaria de ser interessante para os responsáveis pela alteração. Se o Athletico impede a presença de torcedores adversários na Arena da Baixada, por que em Brasília não poderiam vetar os do Flamengo caracterizados como tal no jogo com mando do CSA?
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