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Mauro Cezar Pereira

Grêmio 4 x 5 Fluminense: apenas uma outra maneira de se jogar futebol

Mauro Cezar Pereira

05/05/2019 23h38

O Fluminense perdia por 3 a 0 e virou para 4 a 3, levou o empate e fez 5 a 4 com Yony González

O futebol é um esporte magnífico, tanto que não depende de muitos pontos para ser emocionante, tenso e fazer qualquer um prender a respiração. Quem nunca vibrou alucinadamente com o tento único de uma partida? Todos nós temos nossos 1 a 0 de estimação, aquelas vitórias pelo placar mínimo, mas que de tão especiais, duras, difíceis, fazem uma só bola na rede valer como muitas. Mas quando o jogo tem muitos gols e times que não têm medo de atacar, que não rejeitam a bola, ah… é muito bom.

O cotejo com um só gol é como aquele drama que prende a atenção, faz grudar na cadeira do cinema e te surpreende com o desfecho nas últimas cenas. O placar bailarino, repleto de gols, funciona como um filme de ação, que tem viradas no roteiro para os dois lados, até a cena final. Grêmio 4 x 5 Fluminense foi assim, dinâmico, com reviravoltas no placar e o improvável em campo. Placar raro como se tornaram no futebol praticado aqui no país equipes que não temem sonhar com algo mais.

Dos dois lados, pontos em comum além do fato de ambos terem três cores. O Grêmio de Renato Gaúcho Portaluppi e o Fluminense de Fernando Diniz trocam passes, gostam da bola, agridem, querem chegar à área inimiga, desejam colocar a pelota no barbante. Se em geral os times que atuam em Terra Brasilis se pautam pela defesa, preocupados prioritariamente em não perder, esses dois que estiveram frente a frente na Arena gremista em Porto Alegre têm como meta o ataque, a vitória.

Trocando passes, marcando lá na frente, se arriscando. Claro, o futebol pode e deve ser praticado de diversas maneiras, mas no Brasil o chamado "jogo reativo", de quem não age, mas reage à ação do adversário, tem imperado. Com ele, retrancas, rejeição à bola, dada insistentemente ao oponente como se o objeto vital para o esporte fosse um problema. E muitas vezes é. Não nas equipes treinadas para tê-la, desejá-la, tocando-a de pé em pé, como em alguns dos gols marcados pelos dois times.

Viva a diversidade no futebol, em suas várias formas de ser praticado. Que mais treinadores percam o medo de ficar sem emprego e não tentem se defender atrás do falso escudo do mau futebol, do jogo rústico, que tem nojo da redonda e se apoia muito mais nos erros do adversário do que em seus próprios acertos. Grêmio 4 x 5 Fluminense mostrou uma outra maneira de se jogar futebol. Com erros defensivos, claro, como em todo jogo de nove tentos. Mas com desejo pela bola e ambição pelo gol. Gostamos! Obrigado, tricolores.

 

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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.