Com ou sem a pseudo erudição futebolística, Tite precisa "performar"
Antes de mais nada deixo claro: entendo que Tite é o melhor técnico brasileiro de futebol no momento, e sua presença à frente da seleção absolutamente justa e natural, apesar de o time sob seu comando ter passado longe dos objetivos traçados no Mundial da Rússia. Mas é evidente que o treinador jamais esteve tão pressionado no cargo como agora. Desde o dia em que aceitou o convite da CBF e emprestou sua capacidade e prestígio à entidade e seus dirigentes, então num beco sem saída com Dunga no comando e o Brasil fora da zona de classificação para a Copa de 2018.
Em escalas diferentes, Tite e sua comissão técnica aparentemente tiveram, em 2018, mais surpresas e dificuldades do que imaginavam. Foi assim nos duelos contra a Suíça, de Vladimir Petković; Sérvia, comandada por Mladen Krstajić; México do Profe Juan Carlos Osorio; e a algoz, Bélgica, dirigida por Roberto Martínez. O Brasil foi ameaçado em todos esses jogos, até cair diante dos belgas, com o treinador espanhol recorrendo a soluções previsíveis que a equipe cebeefiana não foi capaz de neutralizar, como a volta da linha defensiva de quatro homens, Lukaku na direita e De Bruyne mais à frente.
Foi uma experiência e tanto para Tite e seus auxiliares, Cléber Xavier e Sylvinho. Apesar disso, parecem continuar no universo paralelo do linguajar supostamente empolado, pautado por expressões ininteligíveis para a maioria do público, e modismos linguísticos. Assim, segue em uso corrente o indefectível "performar", um desses estrangeirismos importados pelos professores-boleiros diretamente das enfadonhas reuniões do chamado mundo corporativo. E o titês/tatiquês na essência, com centroavante virando "jogador terminal" e ponta driblador transformado em (pasmem!) "externo desequilibrante". Qual a necessidade disso, meu Deus?
Tite e seus parceiros passam a sensação de se levarem mais a sério do que deveriam, com o ar professoral que se repete. Como se isso fosse fundamental e não tivessem sido surpreendidos na Copa por treinadores que estão muito distantes do primeiro escalão, já que esses não trabalham em seleções, mas em clubes que têm os principais elencos do mundo. Um pouco de simplicidade no linguajar cairia bem, melhoraria a comunicação e faria com que o torcedor, o povo que ainda acompanha e torce pela seleção, entendesse melhor as propostas, decisões, escolhas e dificuldades.
Antes do Mundial da Rússia, poucos ousavam questionar o treinador e sua postura. Em comerciais Tite aparecia como a voz da razão que saia das bocas de diversas pessoas. Ele era o salvador, aquele que indica o caminho, contudo, não encontrou a direção certa. Bom técnico, estudioso e dedicado, pode dar a volta por cima. Segue adepto da pseudo erudição futebolística, mas poderia rever seus conceitos na comunicação, como certamente faz na montagem do time desde a derrota para a Bélgica. Até porque o crédito popular pré-Copa acabou, e até a Copa América, é preciso "performar".
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