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Mauro Cezar Pereira

Conheça os rivais do Grêmio na fase de grupos da Libertadores 2019

Mauro Cezar Pereira

06/03/2019 19h00

por Joza Novalis*

Rivais do Grêmio no Grupo H – Libertad, Universidad Católica e Rosario Central

Libertad

Tido como a terceira força do Paraguai, o Libertad vem se apresentando melhor nas competições da CONMEBOL do que Cerro Porteño e Olímpia, nos últimos anos. Trata-se do clube com melhor planejamento dentre os três, sem problemas fora de campo e com salários pagos devidamente a cada 30 dias. Como a torcida não é das maiores, as exigências e cobranças ficam mais por conta dos dirigentes do que dos torcedores. Porém, quando os mandatários do clube compram a ideia de um técnico o bancam por um bom tempo e a qualquer custo.

Sob o comando do técnico colombiano Leonel Álvarez o atual Libertad é uma das equipes mais pragmáticas desta Libertadores. O compromisso com o resultado está acima de quaisquer outras coisas, embora resultado positivo possa em alguns momentos ser um empate na casa do rival. Há um notório equilíbrio defensivo e profunda intensidade desde os primeiros momentos do jogo. Ter a posse é interessante a depender das circunstâncias, mas ceder a bola para o rival parece uma ideia ainda melhor, na maior parte do tempo.

O colombiano Leonel Álvarez comanda o Libertad: time pragmático na Libertadores

Parte da solidez defensiva vem da boa recomposição, treinada exaustivamente por Álvarez, desde que chegou ao clube em outubro de 2018. O esquema tende a variar conforme o rival e a circunstâncias, mas em geral aparece o 4-2-3-1, dentro de casa e o 4-1-4-1, fora.

Chama a atenção a agressividade para a recuperação da bola, como se os jogadores fossem famintos atrás do último prato de comida do universo. Isto ocorre também porque Álvarez considera os treinos como se fossem jogos de verdade e obriga os jogadores ao exercício da intensidade pós-perda em todos os treinos.

De negativo o fato de que a equipe tem dificuldades para buscar o resultado. Convém ao Grêmio marcar o primeiro gol, pois em tais circunstâncias a equipe de Álvares tende a se perder em campo. A zaga é segura, mas lenta e com certa dificuldade na bola rápida e rasteira no entorno da grande área.

Universidad Católica

A Católica tem de tudo para ser a segunda força do Grupo H. A equipe ainda se ressente da saída do técnico Beñat San José. O equatoriano Gustavo Quinteros, porém, tem o mérito de processar as modificações sem perder a base anterior da equipe.

A posse de bola ainda dá o tom e costuma ser muito expressiva. O que a sustenta é sobretudo a linha de três, à frente dos volantes, composta por Funezalida, Buonanotte e Édson Puch. Fuenzalida é sobretudo um jogador de luta e de forte chegada ao ataque, mas tanto Puch quanto Buonanotte são habilidosos, possuem ótimo passe e são os principais responsáveis pela criação das jogadas. Puch também possui perfil goleador, convém ficar atento.

O equatoriano Gustavo Quinteros comanda a Universidad Católica, que mescla atletas experientes com valores jovens na busca por uma boa temporada na Libertadores

Todavia, mesmo que as modificações não foram muitas, a Católica ainda precisa de jogos para ganhar um padrão mais competitivo. Ainda se percebe pouca sintonia entre os dois volantes e a linha de três, mais à frente. Além disso, a recomposição defensiva é frágil e deixa muito a desejar. Isto porque Fuenzalida, Buonanotte e Puch não são os melhores marcadores, longe disso.

A Católica e uma mistura de jogadores muito experientes com alguns bons valores jovens, como o zagueiro Benjamín Kuscevic e o centroavante Diego Valéncia, que aos poucos assumem a titularidade na equipe. Esses dois jogadores chamam a atenção, pois são muito promissores.

Rosario Central

O tradicional representante do futebol de Rosário vive uma das maiores crises dos últimos tempos. Crise que é sobretudo de gestão, de mentalidade e de investimentos errados. Nesta atual Libertadores vai precisar bem mais da força de sua torcida, da mística do Gigante de Arroyito do que do futebol que tem jogado ultimamente.  Já são 11 partidas sem vitória, num período em que algumas humilhações feriram muito à torcida Canalla, como a eliminação da Copa Argentina pelo inexpressivo Sol de Mayo, da terceira divisão do interior do país.

Curioso é que há bem pouco tempo o Central conquistara a Copa Argentina, após superar o Gimnasia y Esgrima na final. Hipótese para explicar a conquista era a presença de Edgardo Patón Bauza no comando do banco de reservas. O treinador nada tem a ver com o estilo futebolístico de boa parte do elenco, que é composto por jogadores habilidosos, como os vários enganches que saem da cantera rosarina. Bauza, assim como muitos dos técnicos que o antecederam, é do tipo que não valoriza a presença de enganches na equipe principal. Ou seja, a base faz sua parte, mas o técnico da equipe principal não os aproveita ou subaproveita, o que é ainda pior, pois faz mal para a carreira dos jovens recém-promovidos.

Porém, prova de que tudo está errado no clube foi a demissão de Bauza , um pouco depois da eliminação da atual Copa Argentina. Com todos os problema e limites do "Patón" sua presença no comando da equipe poderia ser interessante, pois Patón é sobretudo um técnico para competições de mata-mata e menos para campeonatos de pontos corridos. Para seu lugar, os dirigentes elegeram o ex-jogador Paulo Ferrari, de quem pouco se sabe a respeito de como pensa o futebol. Ferrari pode ser uma salvação para os garotos ou sepultar de vez suas aspirações futebolísticas.

O mais chocante do momento é a constatação sobre a qualidade do elenco do Central. Jarlan Barrera, Joaquín Pereyra, Maxi Louvera, Fernando Zampedri e Alfonso Parot são alguns dos atletas que estão no Central, mas que poderiam jogar em várias equipes grandes da Argentina e até do Brasil. Mas Bauza deixava os mais jovens no banco e bancava veteranos, como o volante Ortigoza, campeão com o Patrón na Libertadores/2014.

Até na Argentina ninguém sabe o que será o Rosário Central de Paulo Ferrari. Desafio do comandante é converter a bagunça em futebol, encontrar um padrão de jogo para a equipe e tentar ao menos a segunda vaga do Grupo H. Mas as dificuldades do grupo não são poucas e lutar contra a consistente equipe do Libertad e contra a Católica sinaliza que o tradicional rival do Newell's Old Boys tem de tudo para ser o último colocado do grupo. Tudo em tese, mas isto, no momento, é bem possível. A outra vaga muito provavelmente será do Grêmio, o favorito para terminar as disputas como líder do grupo.

O Rosario Central era comandado pelo experiente Edgardo Bauza, que saiu após péssima sequência: 10 jogos sem vencer antes de estrear na Libertadores

* o maior conhecedor de futebol latino-americano na imprensa brasileira

 

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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.