Topo

Mauro Cezar Pereira

Conheça os rivais do Internacional na fase de grupos da Libertadores 2019

Mauro Cezar Pereira

05/03/2019 22h00

por Joza Novalis*

Rivais do Internacional no Grupo A: Alianza Lima, Palestino e River Plate

Alianza Lima

Um dos gigantes do futebol peruano, nos dias atuais não é lá muita coisa. Em quase todos os campeonatos da América do Sul, nota-se evolução dos clubes, casos por exemplo do futebol venezuelano, equatoriano e dos médios chilenos, o que não ocorre no Peru. Claro que vários times medianos têm se igualado em números com os grandes, mas isto não é o mesmo que ocorre no Equador, onde os médios sofrem investimentos sólidos na gestão e apresentam evolução consistente.

No Peru, os médios se aproxima de Alianza Lima e Cristal porque esses clubes pararam de crescer há muito tempo. A equipe do Alianza foi vice-campeã dos últimos Apertura e Clausura. Em ambos só não conseguiu o título por causa de seus péssimos números fora de casa. A equipe se mostrava eficaz quando tinha a posse de bola e desconfortável sem ela. O técnico era o uruguaio Pablo Bengoechea e uma equipe interessante poderia ser trabalhada a partir daí. Mas a chegada do técnico Miguél Ángel Russo significou uma mudança completa de estilo de jogo e mentalidade.

O Alianza Lima é um dos mais tradicionais times do futebol peruano, mas há anos não consegue ter peso real nas competições internacionais

Ele é um treinador de estilo conservador, que não aprecia novidades e invariavelmente elege o 4-2-3-1 como esquema de jogo. No Millonarios, fez certo sucesso até que até que os rivais se deram conta de que o Millos jogava sempre da mesma forma, tanto dentro quanto fora de casa. A partir daí, a equipe de Russo começou a desmoronar. Quando os rivais apertavam a marcação pelos jogadores de lado, a equipe se perdia completamente e não mostrava alternativas para chegar à área dos rivais.

Este Alianza Lima possui jogadores rápidos pelos flancos, como Quevedo, Manzaneda, mas aos poucos o meia Rodríguez vai ocupando a esquerda; ele que não é tão veloz, mas que por ter 28 anos já ganha simpatia de Russo, que tende a envelhecer suas equipes, pois aposta mais na experiência do que nas boas surpresas que jovens podem gerar para sua equipe. Nas duas primeiras partidas pelo atual Apertura, o Alianza teve uma vitória em casa, contra o Sport Boys e uma derrota no clássico para o Cristal.

Em outro compromisso, mesmo vencendo em casa por 3 a 0 teve menos posse de bola do que o hoje modesto Sport Boys. Tanto nesta partida quando na derrota por 1 a 0 para o grande rival, o mesmo tipo de jogo do Millos apareceu em campo. Jogo pelos lados, preferencialmente de contragolpes com transições rápidas da defesa para o ataque. Vai ser assim contra o Internacional em Lima e sobretudo em Porto Alegre. Um rival que ao menos em tese, não deverá ser um problema.

Palestino

O time do técnico Ivo Basay pode ser um rival complicado para o Inter; bem mais complicado do que pode parecer, num primeiro momento. Trata-se do campeão da Copa Chile de 2018, mas do apenas o 13º colocado no último campeonato chileno, que reúne 16 equipes. Salvou-se do rebaixamento por muito pouco. Isto ocorreu por dois motivos. O primeiro deles é que não está nada fácil ser um clube de porte pequeno ou médio no Chile, pois todos eles estão crescendo em termos de estrutura.

Ser rebaixado no futebol local pode não ser tão complicado pois alguns clubes da segunda divisão também apresentam crescimento consistente e contínuo. Santiago Wanderers, que é o quinto colocado na segunda divisão, disputou a Libertadores 2018 no próprio ano em que caiu. O segundo motivo para explicar o momento do Palestino tem a ver com um perfil de time mais adaptado às disputas de Copas do que de campeonatos longos. E parece que a torcida comprou a ideia. Não se trata de uma grande massa torcedora, mas ela se apresenta mais nos jogos de Copas do que nas partidas pelo campeonato chileno.

O Palestino, que eliminou o Flamengo da Sul-americana em 2016, despachou o Talleres, que passou pelo São Paulo neste ano

O técnico Ivo Basay é chileno, mas não foge da influência dos inúmeros técnicos argentinos que vê dirigindo equipes no Chile mesmo antes do técnico Bielsa chegar por lá.  O "Tino", é uma equipe de fortíssima marcação, algo que evoluiu de maneira relevante neste início de 2019. A defesa é composta de jogadores jovens e rápidos, e protegida por uma tripeta de volantes marcados. Ideia é fazer o jogo sair com velocidade pelos lados do campo, mas por dentro também acontece jogadas interessantes, com a chegada de um dos volantes e dos arremates do meia Luís Jimenez. A equipe costuma atuar com um esquema de 4-3-1-2, mas os dois atacantes não ficam parados na frente.

Passerini é um deles; ele costuma voltar até o meio-campo e puxar o contragolpe por um lado ou outro, a depender da ocasião. Ao contrário do que se pensa, o Palestino também sabe jogar com a bola; tem boa troca de passes e muita maturidade para jogar tanto na busca do resultado quanto para conservá-lo. Para a temporada atual Basay pretende promover alguns garotos da cantera, algo que é quase uma obrigação no Chile. Contudo, deve fazê-lo aos poucos, pois se há algo de muito eficaz em sua equipe é o bom momento dos seus quase veteranos.

Reforço para o Inter, no primeiro, jogo será a ausência de Fernandez, que costuma atuar como volante, mas que dentre os três costuma ser o que mais aparece no campo de ataque. Palestino é uma equipe trombadora, que joga duro e que não se preocupa em fazer faltas. O espirito copero aparece tanto dentro quanto fora de casa, e se expressa na intensidade do jogo, na entrega quase inesgotável e até no processo de intimidação sempre perceptível na sua forma de jogar. É um rival para o Colorado planejar vencer dentro e fora de casa, mas que pode fazer estragos.

River Plate

Com tudo pronto. É assim que o River Plate entra nas disputas do Grupo A, postulando sua liderança e o título da Libertadores. Por certo que os jogadores que se foram fizeram falta no início, mas, no momento, os seus substitutos já dão conta do recado. Pelo grau de investimento e pela grandeza e pelo perfil protagonista e vencedor dos últimos anos, é inconcebível no clube que sua equipe não fique com uma das vagas. Neste caso, Inter, Alianza Lima e Palestino lutam pela outra. Pode até não ser desta forma, mas isto é mais provável no caso do atual campeão do que com o Boca Juniors, no Grupo G.

Em verdade, os lamentos pela saída de Pitty Martínez aconteceram bem mais fora da Argentina do no país e internamente. Exceção feita a setores da imprensa local, que também exageram os possíveis efeitos negativos da perda do meio-campista. E por que os lamentos não foram tão intensos? Isto por dois motivos, pela capacidade do clube em repor jogadores o mais breve possível e porque o próprio elenco oferecer algum talento já instalado em Bajo Belgrano.

Bastou a responsabilidade recair nas costas de Juanfer Quintero para ele mostrar que os dirigentes não precisavam contratar um substituto para Martínez. E o colombiano não apenas tem cumprido bem as funções do agora jogador do Atlanta, como tem oferecido à equipe outras artimanhas para vencer um jogo. Dentre elas, o arremate certeiro de longa distância e a maior determinação em buscar soluções para uma partida difícil.

Campeão da Libertadores, o River Plate perdeu Pitty Martínez e Maidana, mas segue com forte

A outra perda foi de Jonatan Maidana, que se transferiu para o Toluca. A solução foi buscar no Paraguai o jovem Robert Rojas, junto ao Guaraní. Desde a primeira partida Rojas tem dado a entender que a camisa do Millo foi feita para ele vestir. Mesmo no jogo aéreo o novo reforço, que tem baixa estatura para zagueiro, tem dado conta do recado, graças ao posicionamento e tempo de bola. Não bastasse isso e ainda pode atuar como lateral pela direita. Poucos no River ainda se lembram de Maidana.

O elenco é de altíssimo nível e permite a Gallardo uma grande variação de esquemas. Mas ao contrário de seu maior rival local, as peças se encaixam bem. De qualquer forma o que se percebe em todas as formações é o intenso povoamento do meio-campo. Quintero é a cereja de um bolo que tem mais quatro jogadores atuando também na criação, mas sobretudo no combate necessário para que sua criatividade floresça. Outra característica do elenco é que muitos de seus jogadores podem atuar em mais de uma posição.

Alguns laterais podem ser volantes ou meias, casos de Casco e Mayada; outros podem ser meias ou atacantes, casos de Dela Cruz, Borré, Matias Suárez e até Juanfer Quintero. Pratto, Álvarez, Borré e Suárez lutam por duas vagas no ataque e com vantagens sobre jovens da cantera, como Lucas Beltrán e Federico Girotti. Natural que o River tenha pontos negativos. Mas o problema é que a capacidade de Gallardo em identificá-los, contornar ou até eliminá-los rapidamente torna essas lacunas mero café-pequeno diante das qualidades deste que é um dos maiores favoritos para a Copa.

* o maior conhecedor de futebol latino-americano na imprensa brasileira

follow us on Twitter

follow me on youtube

follow me on facebook

follow us on instagram

follow me on google plus

Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.