Topo

Mauro Cezar Pereira

Queda do Santos de Sampaoli delicia os retranqueiros defensores da mesmice

Mauro Cezar Pereira

26/02/2019 23h28

Carlos Sánchez lamenta a eliminação precoce do Santos no empate em 1 a 1 com o River Plate do Uruguai

Alguém consegue imaginar o Santos jogando recuado, fechado, mesmo em São Paulo, diante do modesto River Plate do Uruguai? Obviamente não, independentemente de quem fosse o treinador do time brasileiro. Como o comando é de Jorge Sampaoli, surge o tema pós-eliminação da Copa Sul-americana, com o 1 a 1 após o empate sem gols em Montevidéu: a equipe deve mudar a forma de jogar? Evidentemente não, como afirmou o próprio técnico depois da peleja disputada no deserto Pacaembu.

O sucesso de times tecnicamente fartos que adotam o "jogo sem a bola", em competições nacionais, provoca algumas distorções que beiram o absurdo. Como deveria atuar o Santos então? E, claro, todos sabiam que o River uruguaio se fecharia, pois a diferença entre os dois é abissal. O elenco do país vizinho está avaliado em € 5,25 milhões pelo site Transfermarkt, enquanto o grupo de jogadores do clube paulista beira os € 100 milhões (só Rodrygo foi vendido ao Real Madrid por € 45 milhões).

O Santos teve 73% de posse de bola contra 27% do River, que finalizou três vezes e viu a bola ser arrematada contra sua meta em 15 ocasiões. No alvo foram cinco tiros santistas e um do conjunto uruguaio, o do gol que abriu o placar. Não, o time de Sampaoli não jogou bem, a desclassificação precoce é frustrante e será preciso uma boa reflexão sobre o que aconteceu. Mas daí a alguém colocar em dúvida a proposta de jogo do argentino, convenhamos, vai uma distância maior a que separa os dois elencos.

O futebol praticado no Brasil precisa ser arejado, com ideias que fujam da mesmice e propostas de jogo diversificadas. O problema não é alguém jogar fechado, no erro do adversário, despreocupado em ter a bola sob domínio, mas a quantidade de times, dos mais frágeis aos mais ricos, entrando em campo com essa ideia, como se fosse um atalho para a vitória. Os defensores dessa tese paupérrima querem o jogo monotemático, monótono e fraco tecnicamente se perpetuando por aqui.

Se é para seguir assim, na mesma, com quase todos jogando de uma forma, com a recusa à bola, chuvas de cruzamentos, laterais na área e chutões, para que trazer alguém de fora? Deixem um retranqueiro brasileiro qualquer no comando desse ou daquele time, aumentando a pobreza do futebol disputado no país e a coleção de fracassos internacionais. Seja atuando como o Santos no empate com o River ou da maneira como os "reativos" times brasileiros têm caído há anos em Libertadores e Sul-americana.

 

follow us on Twitter

follow me on youtube

follow me on facebook

follow us on instagram

follow me on google plus

Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.