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Mauro Cezar Pereira

Trabalho bom só com tempo? Contradições de Jair e o xeque-mate de Petkovic

Mauro Cezar Pereira

07/02/2019 22h00

Jair em ação pelo Corinthians, que o demitiu no fim de 2018 — Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Jair Ventura foi um dos técnicos brasileiros que se manifestaram quando o Flamengo contratou Reinaldo Rueda, em 2017. Disse que os de fora tiram espaço de outros treinadores. Depois mudou de tom, alegando que não pode trabalhar fora do Brasil por não ter a licença exigida, como se o estivessem impedindo de obtê-la.

Saiu do Botafogo por opção quando convidado pelo Santos, que até multa pagou ao clube carioca para contar com seus serviços. Direito dele, claro, todo profissional pode escolher onde quer trabalhar. Se as regras contratuais foram respeitadas, não há o que contestar. Mas Jair contesta. E nesta quinta-feira tomou um autêntico contragolpe. Ao vivo.

O ex-técnico do Corinthians, onde chegou em 2018 nas circunstâncias de Rueda no Flamengo, semifinalista da Copa do Brasil; foi entrevistado no Sportv. Jair defendeu a continuidade de trabalho, já que o seu foi interrompido ao ser demitido pela diretoria corintiana, e citou o bicampeão do torneio, Mano Menezes, há mais de dois anos no Cruzeiro.

Então o ex-jogador Petkovic tomou a palavra. O sérvio, comentarista do canal, apontou a contradição de Jair Ventura ao lembrar que ele se demitiu do Botafogo com um ano aproximadamente no cargo. O treinador alegou que estava no clube há uma década e o ex-jogador insistiu que à frente do time profissional ficou pouco mais de uma temporada.

Treinadores de futebol têm utilizado essa tese da continuidade, em alguns momentos, para se vitimar. Também acredito em trabalho de médio e longo prazos, se bem feitos. A longevidade do técnico no comando de um elenco não carrega, evidentemente, garantia de sucesso. E no caso do mais recente de Jair, sequer havia sinais de que assim seria.

Chegadas e partidas de profissionais devem ser encaradas como via de mão dupla. O clube pode demitir, desde que pague a multa, faça o que estipula o contrato. O treinador idem. Claro, também existem situações protagonizadas por traíras, que fazem sacanagens, puxam tapete, agem deslealmente, ferem as leis, dando razão ao demitido. Aí ele é mesmo vítima.

Mas a tese da longa permanência no cargo não serve de argumento para todos os casos. Quando um treinador deve ser trocado? Se não existir qualquer perspectiva de que o time melhorará. A questão é (in)capacidade dos dirigentes para detectarem esse momento, realmente complicado para quem mal conhece futebol. E em geral eles não são mandados embora.

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Sobre o autor

Mauro Cezar Pereira nasceu em Niterói (RJ) e é jornalista desde 1983, com passagens por vários veículos, como as Rádios Tupi e Sistema Globo. Escreveu em diários como O Globo, O Dia, Jornal dos Sports, Jornal do Brasil e Valor Econômico; além de Placar e Forbes, entre outras revistas. Na internet, foi editor da TV Terra (portal Terra), Portal AJato e do site do programa Auto Esporte, da TV Globo. Trabalhou nas áreas de economia e automóveis, entre outras, mas foi ao segmento de esportes que dedicou a maior parte da carreira. Lecionou em faculdades de Jornalismo e Rádio e TV. Colunista de O Estado de S. Paulo e da Gazeta do Povo, desde 2004 é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Sobre o blog

Trazer comentários sobre futebol e informações, eventualmente em primeira mão, são os objetivos do blog. O jornalista pode "estar" comentarista, mas jamais deixará de ser repórter.